5.3.07

O QUE RESTA


Está na moda bater nos professores. Pais histéricos e boçais, avôs, primas e primos, as amantes do pai corno e os amantes da mãe promíscua, tudo serve para arremeter contra os professores das horríveis crias. Já aqui escrevi que estas "crianças" e adolescentes que frequentam as escolas públicas, pagas com os nossos impostos, deviam ser sumariamente corridas - suspensas e expulsas- quando o seu comportamento se confunde com o de secções do jardim zoológico. O primitivismo comportamental não tem perdão, sobretudo quando praticado em lugares supostamente destinados a formar futuros cidadãos responsáveis (consegui escrever isto sem me rir). O ministério da Educação, eventualmente em conjunto com os dos drs. Costa, devia prestar mais atenção a isto em vez de passar a vida a vexar gratuitamente os docentes, metendo tudo e todos no mesmo saco, esvaíndo a sua já parca autoridade. Todavia, não nos devemos admirar de as coisas terem atingido esta proporção com as escolas a serem invadidas por famílias - vou utilizar o jargão assistencialista - "disfuncionais". A esquerda no poder na Europa é a principal responsável por este entorse nas funções nucleares das escolas públicas. O politicamente correcto quis transformar os liceus em prolongamentos de gabinetes de psicologia e de serviço social, como Judi Dench "explica" magnificamente em "off" nos primeiros minutos do filme "Diário de um escândalo". Aliás, a história do filme é uma consequência do optimismo "blairista" aplicado ao sistema de ensino. A professora de arte que "come" o rapaz de 15 anos é o equivalente, num país periférico e analfabeto como o nosso, ao avô que bate no professor. Judi Dench encarna uma personagem magnífica, não tanto por causa da trama - também magnífica - mas pelo que as suas "notas" (a partir do livro homónimo de Zoë Heller) revelam sobre a escola pública da "terceira via" do sr. Blair, esse exemplo de modernidade e de "esperança" para tanto socialista "pragmático" do século XXI. Se estes socialistas "pragmáticos" andassem mais por aí em vez de viverem atafulhados em fantasias inócuas, talvez parte da realidade pudesse entrar nas suas duras cabeças. Enquanto isso não acontecer, o "progresso" continuará tranquilamente a dar cabo do que resta da ideia de escola ou de liceu e, inevitavelmente, de professor no sentido nobre do termo. Quem é que está disposto a trocar uma aula por uma cadeira na cabeça, atirada pelo primeiro "coitadinho" do sistema? Quem?

9 comentários:

Anónimo disse...

O pior é que já muitos professores são agentes desse "progresso" de que falou. Pois tantas vezes até já se riem e incentivam os disparates dos alunos.
A propósito, existe algum socialismo que não seja pragmático? De que valem teatros e simbologias quando se fala de um sistema apegado à ideia poucochinha do tipo "sorria! já tem um complemento de reforma"?

Anónimo disse...

Bem vê, apenas o senhor e um outro do blog GEORDEN, parecem compreender a gravidade do problema, uma e outra vez, adornado com ignorância e silêncio. Basta.

Barão da Tróia II disse...

Olha só consigo dizer uma coisa, "Ao estado a que isto chegou!"Boa semana.

Anónimo disse...

As agressões constituem o símbolo maior da degradação de tudo e de todos. A republiqueta é assim mesmo, está-lhe no ADN. É pacientar.

Anónimo disse...

Bom, só agora é que repararam no que se está a ocorrer nas Escolas?

Donde é que pensavem que vinha a Geração Rasca?

De geração expontânea?

Anónimo disse...

De que "geração rasca" se fala?... Da que escreve espontânea com "x"? Não vale a pena generalizar conceitos que nasceram fruto de circunstâncias concretas. Em todas as gerações há rascas, razoáveis, bons e brilhantes.

Anónimo disse...

Esta de dizer que o Blair professa um "socialismo pragmatico" e mesmo a gozar com o pagode.

depois queixem-se que nao percebem nada. muita gente a precisar de professores, sim senhora. outros de cadeiras...

José Gomes André disse...

A degradação da escola está relacionada com a aplicação de uma teoria "psicologista" pós-moderna de consequências terríveis: a ideia de que a escola não é um lugar de aprendizagem, mas sim de "adequação social" ou de "ambientação ao mundo", onde é mais importante "crescer" e "socializar" do que aprender o conteúdos dos programas.

Enquanto se continuar a dizer aos miúdos que não saber nada da matéria não é grave, e que isso pode ser compensado com uma boa "participação pedagógica" na dimensão de "integração social" - não vamos lá.

Bem Pelo Contrário

Anónimo disse...

A bandalheira socialista foi ao que conduziu este país . E certamente não ficaremos por aqui. É altura dos professores se organizarem em grupo e sempre que haja uma criancinha mais ousada darem-lhe o devido correctivo.
ainda se lembram da "menina dos 5 olhos". Se todos se juntarem não processos que lhes valham. Com pedagogias é que não vão lá.