Na epígrafe ao seu "diário", editado em dois volumes pela ASA, Eduardo Prado Coelho (a quem desejo daqui rápido restabelecimento) socorreu-se de uma frase de Ludwig Wittgenstein da qual saiu o título desses dois livros: "tudo o que não escrevi". Eduardo Pitta - que faz o favor de ser meu amigo e de me aturar - prepara a saída da sua "Intriga em Família", da Quasi, onde reúne textos seus publicados no Da Literatura entre 2005 e 2007. Também aqui houve o mesmo propósito, um dia. Chegaram a reunir-se os textos, esboçaram-se os capítulos, falou-se com a Constança Cunha e Sá. Esse projecto ficou, afinal, nisso: num projecto. Apenas mais um acto falhado. Adiante. O Eduardo não é facilmente enquadrável nas capelas em vigor e, justamente, tem pago o preço disso. O seu "Metal Fundente", também da Quasi, reúne uma série de ensaios/pequenas biografias literárias de poetas nacionais e estrangeiros e constitui uma preciosa raridade no género, sem flutuações desnecessárias ou pirosas afectações. O Eduardo escreve enxuto, como eu gosto. É quanto basta para tornar a sua "Intriga em Família" indispensável. Não é tudo o que ele escreveu, mas já é muita coisa.
2 comentários:
O João, que é atento, sabe alguma coisa a respeito do texto que lhe mando (que recebi por e-mail)?
Gostava de conhecer a sua opinião a este respeito.
Obrigado.
Nuno Gonçalves Moura
CONTAS REBELDES NO TEATRO D. MARIA II
Fragateiro & Castanheira, SA –
FRAUDE E PECULATO NA GESTÃO DOS DINHEIROS DO TEATRO
No D. Maria II não só as “filhas” de antigos fascistas são rebeldes, mas também alguns dos seus administradores “filhos” da “nova esquerda”, no modo como abusaram da sua posição na gestão dos dinheiros públicos.
O Ministério das Finanças e o Tribunal de Contas estão a investigar abuso de poder e peculato na gestão dos dinheiros públicos do Teatro Nacional D. Maria II, pelo seu presidente Carlos Fragateiro em proveito próprio e do seu administrador, o cenógrafo José Manuel Castanheira.
Em causa estarão pagamentos fraudulentos de montantes avultados da conta do TNDM II para a conta pessoal do seu presidente, com cheques assinados pela mão do próprio Fragateiro e do seu administrador Castanheira, sem conhecimento do Accionista único, o Estado, ou da Assembleia Geral.
A outra questão grave que se coloca ao Ministério das Finanças e ao Tribunal de Contas é, sendo ilegal administradores receberem qualquer remuneração por serviços pessoais prestados às Instituições que administram, como terá sido possível que tenham sido efectuados pagamentos ao administrador Castanheira, por cenários por si concebidos para espectáculos do D. Maria II e que tenham sido celebrados contratos pelo próprio consigo mesmo, com a conivência do seu Presidente, mas mais uma vez com desconhecimento do Accionista, ou da Assembleia Geral e contrariando o Código que rege as Sociedades e Empresas Públicas.
O Ministério das Finanças terá também tido conhecimento do facto do Orçamento do TNDM II estar a ser utilizado para custear outras despesas que não as do próprio teatro. Todas estas questões tornam-se ainda mais preocupantes, quando de facto o Conselho de Administração da TNDM II, S.A. ainda não ter apresentou o seu Relatório e Contas de 2006, o qual deveria ter sido feito até 15 de Março, de modo a possibilitar a realização da Assembleia Geral para análise e aprovação das Contas, até 31 de Março, conforme obriga o Código das Sociedades.
A documentação existente evidencia múltiplas ilegalidades e pagamentos sistemáticos pelo TNDM II, de facturas de despesas efectuadas por outras entidades ou grupos, sem existência de qualquer enquadramento legal. Aquelas facturas eram pura e simplesmente enviadas por correio ao teatro com a indicação – para pagamento.
Tem sido o caso com o Teatro Mundial e não só. Aliás, ao longo de 2006, o TNDM II tem pago os espectáculos que o Teatro da Trindade tem apresentado por exemplo no Teatro da Politécnica e em teatros de diversas Câmaras Municipais entre os quais estará incluído também o Teatro do Cartaxo (cujo director é assistente pessoal de Fragateiro desde os tempos do Trindade e o responsável pelo “relacionamento” do D. Maria com a imprensa).
Toda aquela situação anómala – e não apenas rebelde – é ainda mais alarmante ao saber-se que o teatro irá apresentar um défice cerca de 1,7 milhão de euros, referente a 2006.
Coloca-se ainda a questão do tão falado aumento de receitas de bilheteira e de público, que o actual presidente Fragateiro tanto alarido fez ao assumir a cadeira do Nacional, em declarações atabalhoadas à comunicação social.
Afinal onde está? Ou não aconteceu, como aliás seria de esperar.
Numa entrevista ao Expresso Fragateiro, ainda director do Teatro da Trindade, atacara os directores dos dois teatros nacionais, Ricardo Pais e António Lagarto, dizendo que o responsável pelo São João fazia "programação para mais de seis meses com um orçamento que dava para pôr a funcionar três teatros". Mantendo a posição de que os dois teatros nacionais gastavam "muito dinheiro para aquilo que fazem", disse que estava "habituado a gerir um teatro com pouco".
Afinal, onde estão as vãs promessas de Fragateiro? E que aconteceu ao “orçamento que dava para pôr a funcionar três teatros”? Após um ano de presidência e direcção artística do D. Maria II, como é possível que exista um défice de 1,7 milhão de euros? A continuar assim, ainda acabará por ultrapassar o défice dos 3 milhões de euros acumulado por Carlos Avilez ao fim de 3 anos, quando Director do TNDM II!
Fragateiro defensor, na mesma entrevista ao Expresso, de concursos públicos para os cargos dos teatros nacionais e tendo também assumido que lhe apetecia "concorrer aos cargos de director do São João ou do D. Maria II”, acabou por vir a ser apenas mais uma das nomeações políticas do actual governo, na área da cultura.
Sabendo-se que o dirigismo e controleirismo político-ideológico está institucionalizado pela actual tutela da Ajuda, e que Vieira de Carvalho foi o responsável pelo convite pessoal a João Mota para encenar a Casa da Lenha, no D. Maria, e não só…, coloca-se a questão – estará o TNDM II a ser instrumentalizado como um “saco azul” para financiar grupos que não conseguirem apoios nos concursos do Instituto das Artes?
O dirigismo cultural dos organismos sob aquela tutela, que começou no D. Maria, e alastrou agora ao S. Carlos (é sabido do envolvimento pessoal de Vieira de Carvalho na questão Emanuel Nunes), chegará também ao Porto?
Se acabarem por aumentar o orçamento a Ricardo Pais para o seu Teatro S. João, ter-se-á mais uma manobra de proteccionismo político…
Quem será o próximo?
As "grandes" e únicas tiradas da "política cultural" desta tutela tiveram todo o beneplácito deste governo: Casa da Música, CCB, Colecção Berardo, a remoção de António Lagarto e agora a de Paolo Pinamonti, gestos políticos praticados com delicadeza latino-americana com que Sócrates terá concordado. Vieira de Carvalho e Isabel Pires de Lima não estão sozinhos em cena. Sócrates é quem manda e apenas sensível ao choque tecnológico, ou não fosse ele engenheiro!... Ninguém lhe conhece actos ou hábitos relacionados com CULTURA a não ser “cultismo físico” – ele corre!
Os rebeldes vieram para ficar e arrecadar – “um verdadeiro forrobodó”, nas palavras do próprio Fragateiro à Visão de 6 de Abril de 2006. Ainda em declarações àquele mesmo número daquela revista, Fragateiro terminaria comentando: “Se o Teatro Nacional fosse só dirigido pelo José Manuel isto era um desastre nas contas, se fosse só dirigido por mim era um desastre na estética!”.
O resultado aí está, e à vista – com contas rebeldes!
A Democracia tem destas coisas: realmente deixam-nos FALAR, CONTESTAR, PROVOCAR.....e depois? Serve para alguma coisa??
OS CÃES LADRAM...MAS A CARAVANA PASSA!!!"
E os mesquinhos e medíocres e prepotentes continuam na sua azáfama mórbida de destruirem o que está bem (já foi assim no 25 de Abril...), atacam os Competentes, e ei-los aí, risonhos, ganhadores, sempre com aquele sorriso cínico no rosto como o do mário vieira de carvalho, que faz o que quer e onde quer...e, por muito Democrata que se seja e se fale....para nada serve!!......
QUE M E R D A de Democracia....
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