7.3.07

O ESTADO SOVIÉTICO


O governo, através de um decreto-lei que enviou à Comissão Nacional de Protecção de Dados para parecer, pretende policiar a vida dos funcionários públicos. Convém recordar que o próprio governo, por definição constitucional, é o órgão máximo da administração, "patrão" da dita função pública. Isto será feito através de "cruzamento de dados" a que, dadas as condições promíscuas em que tudo opera em Portugal, acabarão por ter acesso pessoas e entidades que originariamente não deveriam ter. Quem sabe da poda, sabe do que estou a falar. Por consequência, e apesar de por vezes dar ideia de que vivemos apenas numa aparência de "estado de direito", tudo indica que os tribunais terão muito que fazer nesta matéria. Devassas inopinadas e movidas por quem não pode, em violação do direito à privacidade e à confidencialidade de certos dados, na linguagem jurídica que me ensinaram e que se pratica minimamente nos países civilizados, têm o nome de crime. Tanto importa que o seu autor seja um funcionário, um jornalista, um dirigente, um "gestor" ou o senhor engenheiro. Fica igualmente prejudicado o princípio da igualdade. Os funcionários públicos serão porventura ratos de laboratório ou macacos do circo quando comparados com os restantes trabalhadores? Esta obsessão segregacionista do governo e a persistência em apoucar a função pública como se fosse toda uma choldra inútil a extinguir sumariamente, diz muito sobre o sentido de Estado "soviético" do governo. Segue-se, para esclarecimento dos "interessados", a "lista" daquilo que o governo pretende "cruzar" e daqueles que começam por ter acesso ao "cruzamento". Só falta a marca da cueca e a orientação sexual, mas lá chegaremos. Oxalá que, com tanto "cruzamento", ninguém se espalhe. É que para "big brother", "big brother" e meio.

Dados a cruzar:

- Identificação e cadastro contributivo das bases de dados da CGA, ADSE, ADM, SSMJ, SAD da GNR e da PSP, DGITA e IIES;
- Nacionalidade, residência e estado civil das bases de dados do Ministério da Justiça;
- Benefícios sociais das bases de dados da CGA, ADSE, ADM, SSMJ, SAD da GNR e da PSP, ISS e IIES;
- Vínculo laboral com a administração pública da base de dados da DGAP, do ISS e do IESS; - Rendimentos da base de dados da DGITA;
- Património mobiliário e imobiliário sujeito a registo das bases de dados do Ministério da Justiça;
- Situação escolar dos alunos, relativamente à frequência e aproveitamento;
- Obrigações acessórias, designadamente, início, reinício, alteração, suspensão e cessação da actividade, das bases de dados da DGITA, ISS, IESS e Ministério da Educação.


Bases de dados a cruzar:


- Subscritores, pensionistas e outros beneficiários da Caixa Geral de Aposentações (CGA); - Beneficiários da ADSE;
- Beneficiários da Assistência na Doença aos Militares das Forças Armadas (ADM);
- Beneficiários dos Serviços Sociais do Ministério da Justiça (SSMJ);
- Beneficiários da Assistência na Doença (SAD) ao pessoal da GNR e da PSP;
- Funcionários públicos e agentes administrativos da Direcção-Geral da Administração Pública (DGAP);
- Identificação dos contribuintes fiscais da Direcção-Geral de Informática e Apoio aos Serviços Tributários e Aduaneiros (DGITA);
- Identificação civil, residência de estrangeiros e registo predial e automóvel, do Ministério da Justiça;
- Contribuintes e beneficiários do Instituto da Segurança Social (ISS) e do Instituto de Informática e Estatística da Solidariedade (IIES).

Quem começa por ter acesso:


- Todas as "gestoras" das bases de dados referidas anteriormente;
- Direcção-Geral das Contribuições e Impostos;
- Direcção-Geral das Alfândegas e dos Impostos Especiais sobre o Consumo;

- Inspecção-Geral de Finanças;
- Instituto da Segurança Social, nomeadamente através do Centro Nacional de Pensões;
- Centro Nacional de Protecção contra os Riscos Profissionais;
- Solicitadores de Execução.

(fonte: jornal Público)

10 comentários:

Anónimo disse...

Que parvoice. Que comparação mais sem sentido. Ah, e já agora, os funcionários públicos não são para extinguir, mas são, em grande parte, "uma choldra inútil"

Frederico Lucas disse...

O cruzamento de informação MASSIVA faz parte de qualquer sistema público de validação de rendimentos declarados. Em Portugal ou outro qualquer país como p.e. nos EUA.

A confusão que é feita neste texto é entre antigas técnicas de polícias politicas, Gestapos incluídas, a opositores/minorias a abater de regimes politicos e os actuais sistemas referidos À TOTALIDADE DA POPULAÇÃO.

Nuno Raimundo disse...

e todos os que tiverem amigos em tais locais...
abraços

Anónimo disse...

QUE BOM ! Estou felicíssima c/esta nova medida Socrática ... eu até pertenço a um desses serviços q podem fazer tais cruzamentos de informação e garanto-vos q,mal essa medida seja posta em prática, a 1ªcoisa q vou fazer é vasculhar tudo s/a vidinha fiscal e patrimonial do engº-rinho Sócrates!!!E está heim? Depois mando essas nividades n1 «envelope"9"» p/o "24Horas" e p/a MªJosé Morgado.E p/fim, vou mandar fazer 1granda cartaz e colar na sede do PS no Lg.Rato em Lisboa!!!
Midarte.

Anónimo disse...

Engenheiro não, quando muito engenheiro técnico...

Anónimo disse...

"A confusão que é feita neste texto é entre antigas técnicas de polícias politicas...e os actuais sistemas referidos À TOTALIDADE DA POPULAÇÃO."
Confusão? A nossa sociedade cada vez mais quer meter o bedelho na privacidade dos outros

É por isso que sempre que posso ando desenfiado

Filipe Tourais disse...

Ao anónimo da choldra inútil de contaminados pela propaganda contra os agora presumivelmente suspeitos funcionários públicos, recomendo-lhe a leitura do ultimo relatório do tribunal de contas sobre parcerias publico-privadas. Diz que faltam funcionários públicos que fiscalizem essas negociatas e estima que o estado pouparia entre mil e mil e duzentos milhões de euros caso essa fiscalização fosse feita. É para isto e para muitas outras coisas que só os funcionários públicos servem.

Anónimo disse...

Sócrates e Santana Lopes são uma produção RTP. Ambos participavam num programa da RTP em que apareciam como adversários, mas ambos tinham e têm algo em comum: são desequilibrados mentais. O primeiro (Sócrates) pelo mal que está a fazer às pessoas deste País, o segundo (Santana) pelo mal que já fez a Lisboa e ao País. Ambos começam por S. Como podemos, nós, cidadãos deste País, vermo-nos livres desta gente desequilibrada?!

FMS disse...

Bom, eu não tenciono ser detentor de um tal cartão. E agora? É como no julgamento do Hank Rearden?

"Apresente a sua defesa"
"Não quero ter qualquer defesa."
"Mas tem de apresentar uma"
"Recuso-me a tal."
"Isto é inaudito"
"Quer dizer que precisa que eu me defenda para poder acusar-me?"

:D

Mind Booster Noori disse...

"Bom, eu não tenciono ser detentor de um tal cartão. E agora? É como no julgamento do Hank Rearden?"

Infelismente no caso de Portugal o Cartão de Cidadão vai ser _obrigatório_.