28.2.11

A VANTAGEM DE GRITAR MAIS


«Como se explica, então, o sucesso da música dos Deolinda? Não tenho uma teoria definitiva, mas eu apontaria para o facto de a subida uniforme do desemprego produzir mais desempregados não licenciados e mais desempregados com licenciatura. Mas os desempregados com licenciatura têm mais poder reivindicativo e mais a ganhar: estágios profissionais para licenciados, bolsas de investigação para trabalhar numa universidade, um posto na Adminstração Pública. Não estão em maior número - só gritam mais. Este efeito será provavelmente exacerbado pelo facto o crescimento do desemprego se ter feito sentir sobretudo em áreas do saber com acesso privilegiado aos media: cinema, artes, letras, comunicação social, alguma educação, eventualmente Direito. Os engenheiros em boa situação profissional estão caladinhos nos seus gabinetes. Os jornalistas desempregados estão a endrominar a cabeça dos colegas que conseguiram emprego


11 comentários:

a.marques disse...

QUE SEDE QUE EU TENHO

Sou da geração do velho tostão
Calças rotas na mão
Que sede que eu tinha

Sou da geração das magras vacas
Bacalhau ás lascas meia sardinha
Que sede que eu tinha

Sou da geração de sebo no pão
Ferrar o calo na mão
Que sede que eu tinha

Sou da geração que paga a dobrar
Cá os anda a aturar
Que sede que eu tenho

Sou da geração que sacode o ranho
Que lhes serve p´ró banho
Que grande sede que eu tenho

Zephyrus disse...

Acrescente-se à lista vários cursos da área da saúde, como enfermagem, medicina dentária ou técnico de radiologia, análises clínicas, etc.

Anónimo disse...

Então calemo-nos todos. Pum.

Sócrates só presta contas à Fräu Merkel; Cavaco é uma carta fora do baralho!... disse...

Entretanto o PR, o «institucionalista» Dr.Cavaco, continua a dizer que «não comenta».

Já anda neste ritual há cinco anos!

Agora diz que vai falar quando tomar posse!

Anónimo disse...

Imagine um barco a afundar-se:

Quem está prestes a afogar-se grita, quem saltou já para o salva-vidas está caladinho temendo que outros náufragos venham desequilibrá-lo e quem se afogou...

Adivinhe quem está em vantagem? Será o que grita mais?

Bruno101 disse...

o sucesso da música é porque é moda e Portugal é um país de tendencias, é a unica coisa que me vem a cabeça e o que parece ser mais certo

Anónimo disse...

Conversa da treta, em minha opinião.

"...têm mais a ganhar..."????


O desemprego é mau para todos.

Piotr Kropotkine disse...

ahhhh formidável ... é então ir tudo para engenharia que há emprego pela certa ... em empresas de sucesso e de grande intensidade tecnológica como sei lá a Manuel Aboboreira e Viúva Herdeiros Lda...

curioso os economistas em boa situação profissional estão caladinhos , os advogados em boa situação profissional estão caladinhos imagine-se os licenciados em ciência política em boa situação profissional estão caladinhos, os filhos netos afilhados primos dos politicos em boa situação profissional estão caladinhos
os licenciados em farmácia emboa situação profissional estão caladinhos até os licenciados em Relações Internacionais da Independente em ba situação profissional estão caladinhos.... de facto porque falarão os demais? mistério insondável ....

e os que tem seis reformas e mais uma posição não executiva na EDP renováveis estão caladinhos e mais esses até mandam os outros calarem-se .... outstanding ...

Anónimo disse...

É engraçado analisar a música dos Deolinda à luz de gráfico de desemprego dos 15 aos 24 anos, e depois tirar conclusões, estes normalmente vivem em casa dos pais não têm grandes obrigações e o resto? Como e que se forma uma famílía hoje em dia?, como e que arranja uma casa e se tem filhos? no caso das mulheres ainda é mais dramático, porque têm prazo para isso, e a situação politica do país não terá interferência?
Até uma criança de 10 anos percebe que a música e irónica e não é para ser levada à letra, e que não é só dirigida aos licenciados, mas sim a todos que vêm as suas expectativas de futuro defraudadas.
sobre a questão das gerações, todas elas têm responsabilidade sobre a herança que deixam às gerações seguintes, esta é a que temos das gerações anteriores.
Parabéns à prima
Carlos Araújo

Justiniano disse...

Esta Priscila, mesmo não tendo uma "teoria definitiva", arranca com teorias a quilo que são quase à tonelada, isto, náo fosse a ressalva inicial!

Carlos Brito disse...

Confesso que fiquei sem saber o que é que o João Gonçalves achou interessante nesse texto, mas permita-me dizer-lhe, cá entre nós, que essa coisa de ter como único objectivo de existência um emprego na administração pública é tão pós-25 de Abril que até mete impressão.

Ordenados e progressões na carreira congeladas; mediocridade geral; um ritmo de trabalho moroso e absolutamente burocrático capaz de castrar qualquer jovem com vontade de trabalhar e de provar o seu valor; no estado em que a administração pública se encontra neste momento, acha mesmo que parece um paraíso prometido para algum jovem licenciado nos dias que correm?

De resto, a ideia de que existem certas áreas de estudo com maior desemprego e que essas características podem estar a influenciar a forma como isto está a decorrer até é interessante do ponto de vista sociológico. Só que, se assumirmos que as pessoas que se vão manifestar são, mais coisa menos coisa, jovens desempregados, acho que podemos também assumir que não têm mais acesso aos media do que qualquer outro desgraçado que tira senhas no centro de emprego.

Aliás, qual é a ideia patente por trás disso, exactamente? Que eu tenho um jornalista meu amigo no Destak a recibos verdes por 500 euros ao mês, a reproduzir takes da agência Lusa e a escrever idiotices sobre as plásticas da Tina Turner - e que vou usar esse seu reconhecido enorme poder de influência em proveito da minha manifestação?

O que considero realmente é que esta coisa da geração à rasca está a trazer o pior de toda a gente ao de cima. O péssimo português com que saem os licenciados das universidades é inegável, mas a sobranceria de quem está a comentar o que se passa como se o desemprego dos jovens fosse um problema só deles, dos mimados, e não de todos, que pagamos a reforma do Dr. Vítor Constâncio, é igualmente idiota.