3.2.11

LACÃO TEM RAZÃO


Jorge Lacão não é particularmente estimado aqui. Por isso mesmo, pode aplaudir-se à vontade a expressão pública do ministro dos assuntos parlamentares no sentido de reduzir para 180 o número de deputados. O que não se entende é o ar descabelado com que o dr. Assis deu o dr. Lacão, nesta matéria, como um assunto encerrado. Não se percebe porquê quando a constituição faculta uma margem naquele número onde o agora proposto cabe perfeitamente. O parlamento tem vindo a desprestigiar-se aos olhos da opinião pública. Pejado de pessoas que nunca deviam ter saído do honroso anonimato em que viviam, de membros com quatro ou cinco vidas alternativas, de meia dúzia de crónicos estilo Mota Amaral ou de miudagem desbiografada, o parlamento envergonha, desde logo, a Assembleia Constituinte de 1975 e as AR's das legislaturas prévias à emergência das maiorias absolutas de partido único. Estas maiorias, apesar de outras vantagens para efeitos meramente governativos, "mataram" o parlamento. Nada, consequentemente, justifica 230 deputados eleitos pelo método anacrónico em vigor que "desliga" os eleitos dos eleitores e que permite os paraquedismos mais extravagantes. Lacão tem razão.

11 comentários:

Joe Bernard disse...

E que me diz a 57 deputados nos Açores???
Para 250.000 habitantes.
Nem comento!

MRC disse...

Por outro lado, esta deveria ser também uma oportunidade para que os dois principais partidos se entendessem em relação à reforma do sistema eleitorial e das regras da própria democracia que está profundamente doente, tal como os reiterados valores da abstenção assim o demonstram.
No entanto, penso que deveria ser salvaguardado o acesso dos pequenos partidos à AR cujos deputados, diga-se (independentemente das filiações) são muito mais activos e dinâmicos do que parte dos deputados do PS e PSD que passam completamente ao lado do hemiciclo, à excepção do dia em que recebem o ordenado.

João Sousa disse...

Não consigo entusiasmar-me com a proposta de Lacão. Dada a proporção de qualidade existente no Parlamento, esta redução produziria efeito semelhante a alguém entregar-me um leque enquanto eu assasse no grelhador. A esmagadoríssima maioria daqueles seres pouco mais fez do que palrar uns "apoiado" ou "muito bem" quando os chefes-de-matilha simulam argumentar e levantar-se para aplaudir as intervenções do patrão.

Se Lacão estivesse realmente interessado em devolver alguma dignidade ao Parlamento, não teria proposto a redução PARA 180 mas sim a redução EM 180. Desbotados de personalidade e embotados de intelecto, esses devolvidos à realidade encontrariam um vasto mercado de trabalho adequado às suas habilitações: calceteiros, almeidas, regadores de jardim. Nos casos mais dramáticos de incapacidade funcional, sempre podiam ser estacas de feijoeiro.

Anónimo disse...

Lacão a Presidente!

joshua disse...

Razão, sim, mas com cuidado e cuidados.

Anónimo disse...

Nenhuma destas duas inteligentes alimárias tem razão.

Mais dois exemplares da fauna que tomou conta do regime: sem tempo para pensar.
Há um estudo de um universitário respeitável, que dizia há dias na imprensa que tal redução rondaria os 10 (dez) deputados).
Estudo penso que encomendado pelo governo, naturalmente que para a gaveta.
A lembrar um estudo de MedinaC para o engº AntónioG. Para a gaveta.
E não saímos disto.
JoseB

Lamas disse...

O Assis está danado porque está a perceber a a macacada montada pelo Governo.
É evidente que Socrates combinou tudo com o Lacão.
Como diz MFL é mais uma manobra de diversão dos reais problemas do País.
O Assis já percebeu e está fulo

S.C. disse...

Não deixa de ser curioso um ministro de um governo às ordens de Sócrates vir a público defender uma ideia que o mesmo Sócrates parece, com a ajuda do porta-voz Assis, não estar interessado em fazer passar.

iupi disse...

olhe-se como se olhar para a redução, só se encontram vantagens. para todos: instituição, partidos, cidadãos.

e, além do mais, porque se haverá de 'cumprir' a constituição em tantos assuntos pelo mínimo e neste se opta pelo máximo?

Cáustico disse...

Menor número de deputados na AR, escolhidos directamente pelos cidadãos eleitores e nunca pelos chefes dos bandos quadrilheiros a que aderiram.

Cáustico disse...

Não me venham com argumentos interesseiros relativamente à existência de pequenos bandos de salafrários na AR.
O que deve interessar ao povo português é o pais e não os bandos de políticos.