5.6.10

O ÓBVIO E OS OBTUSOS


«Rui Ramos, que declara francamente ser um homem de direita e que, além disso, já publicou uma obra importante, é uma criatura que a ortodoxia reinante, académica e jornalística, não engole com facilidade. Paga hoje, e pagará sempre no futuro, pelo talento, pela inteligência e pela cultura que ele tem e outros não têm. Nada de espantar, neste pequeno Portugal. A ideia de fazer dele "simpatizante" póstumo do "salazarismo" (de resto, uma alegação inteiramente falsa) não passa de uma tentativa um pouco pueril de o diminuir e salvar o jacobinismo da esquerda de um imaginário "ataque". Convém começar por dizer que nenhum dos críticos que apareceram neste jornal é especialista da I República e que alguns nem sequer nunca foram historiadores. Pela simples razão de que a mais vaga familiaridade com a ditadura do Partido Democrático de Afonso Costa e de António Maria da Silva e com a guerra civil endémica que o "5 de Outubro" (e não o "28 de Maio" ou Salazar) inaugurou em Portugal lhes mostraria que a I República não precisa que a "diabolizem". Um "estado de coisas" (porque não se pode chamar ao que então existia um verdadeiro regime) em que se matavam cidadãos pelas ruas na maior e mais santa impunidade (incluindo um primeiro-ministro) e em que grupos terroristas muitas vezes mandavam de facto no Governo não se recomenda por si próprio ao mais faccioso campeão da igualdade e do "progresso". Quanto a Salazar, é bom não esquecer o caos de onde saiu e a espécie de Europa em que viveu. A questão puramente nominalista de arrumar ou não o Estado Novo na prateleira do "fascismo" (com que tantas cabeças se consumiram) não leva a nada. Como não leva a nada contabilizar as vítimas (bastava uma) ou fingir que se mede o grau de repressão (dura, branda, dura e depois branda, e por aí fora). O essencial é tratar o Estado Novo como resultado da situação externa e interna portuguesa e não como um epifenómeno do que sucedeu em Itália, na Alemanha e, mais tarde, em Espanha. E isso Rui Ramos conseguiu - com equilíbrio e penetração. Quem não gosta que escreva uma História de Portugal como ele escreveu. Se for capaz.» Vasco Pulido Valente, Público

5 comentários:

Mani Pulite disse...

O ESTADO DE COISAS QUE VIGORA EM PORTUGAL DESDE 1995 CADA VEZ É MAIS SEMELHANTE AO ESTADO DE COISAS DA CHAMADA I REPÚBLICA OU,MELHOR DIZENDO,I DITADURA.NA SOMBRA DOS DOIS ESTADOS AS MESMAS SEITAS KLEPTO- TERRORISTAS.

Anónimo disse...

Infelizmente nem a crise reduzirá à justa dimensão as patéticas e deslocadas festas do centenário da coisa-república. A coisa-governo encarregar-se-á se descobrir uns patacos extra - subtraíndo-os certamente a algum organismo útil - para embandeirar em arco e para financiar alguns projectos de rapazinhos-artistas. Já o deve ter feito.
Nem o busto da nossa república tem o peito à mostra! Aquela pobre mulher de barrete frígio, camisa remendada e olhar triste nunca poderá competir com os seios fartos, puntudos como obuzes e inspiradores das actrizes que os franciús regularmente usam para os modelos. Se é para atingir o nível dos santos populares, mais valia prudentemente não assinalar a data.
Todas estas coisas pífias estão bem para essa pandilha de críticos de Rui Ramos. Vão fazer uma festinha à 1ª república e à carbonária, vão!

Ass.: Besta Imunda

Anónimo disse...

Ouvir o normalmente agreste e alerta painél do "Plano Inclinado" a lidar com as baboseiras do Sheik Munir, cheias de ardis e dessimulações, é penoso e lamentável.

Ass.: Besta Imunda

Anónimo disse...

Dissimulações.

Ass.: Besta Imunda

Anónimo disse...

Infelizmente nunca ninguém em público (ou no Público) veio criticar (pois é crime de lesa majestade) a historiografia abertamente de esquerda que impera em muitas faculdades. Se alguém foge à regra é posto de lado e rotulado de fascista.
A linha dura de esquerda militante da Faculdade de Ciências Soc. da Nova é o quê?

Catão