23.8.11

«THEY LOVE ME»



«Chega hoje ao fim a longa ditadura de Muammar Al-Qaddafi. E começa a governação do Conselho Nacional de Transição, que não terá pela frente uma tarefa fácil. Cabe-lhe instaurar um regime democrático, segundo o que no Ocidente se designa por democracia. E realizar eleições. Preferencialmente em paz. Trabalho ciclópico em que não acreditamos. Cabe-lhe igualmente a reconstrução do país. E promover a reconciliação dos irmãos desavindos. O exemplo dos outros países árabes, que foram governados ditatorialmente durante décadas, e que agora aspiram à "democracia", não augura nada de bom.»

Do Médio Oriente e Afins (convém prestar atenção às ilustrações)

2 comentários:

Anónimo disse...

Não há como aplicar a democracia nos países ditos árabes. Nem em países como Portugal ou a Grécia (e 'maltas' e 'chipres' e 'mónacos' e 'albânias' e 'macedónias') este maravilhoso e teórico-prático sistema funciona. Para começar será sempre necessário que o Povo, a população se predisponham a abraçar o dito voluntariamente e em todas as suas vertentes: todos querem certamente 'liberdade', e 'poder falar à vontade'; mas para que tudo isso aconteça são necessários deveres cumpridos, respeito pela Lei (que se quer justa) e um módico de civismo e respeito mútuo. E depois - num qualquer país digno desse nome - um cimento, um patriotismo, uma honra que cole as pessoas juntas a defender Algo Maior. Ora nestes últimos e infelizes casos (mesmo no nosso caso...) estes pré-requisitos não coexistem todos. Em alguns 'países' eles não existem de todo. Existem, todavia, traços comuns entre todos estes lugares onde o Islão domina e as gentes vociferam: se atentarmos, não há golpe triunfante, não há combate fraticida, não há funeral que não culmine com rajadas de AK47 para o ar - do Afganistão até à Argélia, passando pela Palestina. E tudo isto (perante o silêncio envergonhado e medricas dos laicos do Ocidente) sempre ao som de gritos de "Alá é grande". Os tiros para o ar - é uma Lei da Física - acabarão inevitavelmente por caír e matar inocentes ou simples passantes basbaques, ou até por vezes os próprios 'atiradores'; já tem acontecido, mas o nobre e progressivo hábito persiste. Enfim, civismos e culturas.

Ass.: Besta Imunda

zé sequeira disse...

Nunca tive um especial apreço pelo Coronel Kadafi, talvez com a excepção histórica do derrube da ditadura do Idris I, em 1969. O Idris era uma espécie de Baptista (o de Cuba) e o Coronel émulo de Fidel. Tão mau, corrupto e bandido era o monarca como, com o passar dos anos (estes “libertadores” nunca conseguem sair a tempo) se tornou o auto-nomeado “Líder Fraternal e Guia da Revolução”, autor do livro verde, onde esparrama a sua doutrina e de muitas outras coisas, entre patrocínio a atentados e aquela cena do apoio à FLAMA. Percebo que a malta da estrela de seis pontas esteja satisfeita com os acontecimentos do Egipto, da Síria e da Líbia, ao fim e ao cabo como os italianos que – valha a verdade – não tentam esconder a coisa e declaram, um bocado descaradamente, as vantagens da situação actual da Líbia e o “potencial” de negócios relacionados com a reconstrução e com a exploração petrolífera. Como diria o Vasco Santana: “comprenditi”. Espero sinceramente que, aos meus amigos da Terra Prometida, não saia o tiro pela culatra. Estes que agora estão a “ir à vida” falavam muito mas, quando a coisa apertava, “ala que se faz tarde”; foi assim nos Seis Dias e no Yon Kippur. Dos que aí vierem, com a chamada democracia no alforge, nada se sabe. Já agora, em termos de democracia versus ditaduras, creio que pouco se safa no Médio Oriente. Além daquelas monarquias "amigas" onde há uns barbudos religiosos de kufya vermelha ou verde (os da kufya cinzenta, coitados, ninguém lhes liga) que explicam que se pode bater nas mulheres moderadamente e sem nódoas negras nas partes visíveis, também há os que se assumem como democracias representativas, mas que permanecem reféns dos ortodoxos das patilhas encaracoladas, crentes perpétuos da teoria de que Deus é uma espécie de benemérito que tem um povo escolhido a quem ofereceu uma terra. Entre outras coisas o Cristo que eu sigo, veio, viveu, pregou e morreu para nos salvar, inclusive dessa gente.
josé sequeira