15.8.11

A QUESTÃO MAIS NOBRE


A este artigo de Ana Sá Lopes - e como os dias de descanso de Agosto me costumam maçar interminavelmente, aproveito-os para ler e reler várias coisas ao mesmo tempo - acudiu-me, de repente, um escrito de Vasco Pulido Valente de 1997, no livro Esta ditosa Pátria. Desde logo é um escrito que recomenda Tucídides, um autor que devia figurar numa qualquer prateleira de todas as redacções. Porquê? Porque com Tucídides (entre outros como Heródoto ou Píndaro) aprende-se que «o mundo não começa todas as manhãs com o noticário das oito, nem fecha todas as noites com um novo escândalo e uma nova intriga.» De facto, «o mundo já cá estava quando nós nascemos e presumivelmente vai continuar quando nós morrermos, e é essa noção de permanência e mudança (em grosso, a «cultura») que ajuda a separar o essencial do acessório e a não confundir uma incessante macacada de truques e de fintas com a questão mais nobre de governar o próximo.»

1 comentário:

Daniel Gonçalves disse...

Duvido que qualquer um dos actuais Ministros saiba quem foi Tucídides. Dou o benefício da dúvida a Nuno Crato, mas como é um Matemático também poderá não saber a resposta.
Mas vendo as coisas de uma forma pragmática - e tecnocrática - para que é que os actuais políticos precisam de saber quem foi Tucídides? Isso era para a classe governante do Império Britânico, para os políticos da aristocrática Prússia, e para os políticos franceses até ao final do século XIX, onde se exigia conhecimentos dos Clássicos, de Retórica/Oratória, onde se lia Richelieu, Maquiavel, Tucídides, Plutarco e outros, tudo para se adquirir uma "bagagem" sólida para o desempenho nas "Cousas de Estado".