28.8.11

PRINCÍPIO, MEIO E FIM

«Leio sempre com muita atenção Miguel Cadilhe. Desde o tempo dos Reformadores. Desta vez trata-se da sua proposta sobre o lançamento de um imposto extraordinário sobre as grandes fortunas, fora do quadro do IRS. Tem a vantagem de ter princípio, meio e fim. E de não ter ido a reboque dos afortunados filantrópicos.»

Medeiros Ferreira, Córtex Frontal


«Os nossos ricos nunca se distinguiram pela sua riqueza, nem aliás (tirando meia dúzia de excepções) por qualquer virtude económica ou cívica. Não criaram empresas, não fizeram o menor gesto filantrópico (fora o velho Champalimaud), náo intervieram inteligentemente na vida do país. E, quando as coisas se tornavam complicadas, em geral fugiam.»

Vasco Pulido Valente, Público

2 comentários:

Cáustico disse...

Estado Social. Guerra aos ricos

Já não é de agora. Mas ultimamente, tem-se tornado quase doentia a gritaria sobre o Estado Social e sobre a existência de pessoas ricas.
O Estado Social anda por aí na boca de muito quadrilheiro político incapaz de distinguir uma burra de uma égua. E a falta de senso de tal gente, a justificar, talvez, a intervenção da psicologia médica, alastra àquela camada da população que não dispõe de “sentido crítico e autonomia mental”, como já alguém o afirmou e com carradas de razão.
Estado Social. Duas palavras como outras quaisquer.
O Dicionário da Língua Portuguesa, da Porto Editora, diz: Estado: Nação organizada politicamente; Social: pertencente ou respeitante à sociedade. Mas é omisso quanto a Estado Social.
Inúmeras vezes tenho procurado saber o que se deve entender por Estado Social. Nunca obtive resposta dos quadrilheiros políticos que usam e abusam do seu emprego nem tão pouco daqueles pobrezinhos que os copiam para se darem ares.
O ódio aos ricos não é de agora. É de sempre. Porque a inveja é um dos defeitos da humanidade e os portugueses a ela pertencem. O português deseja ter tudo, mas não quer mexer uma palheira para o obter. Daí invejar os que têm.
Ultimamente a televisão começou a mostrar números, como eu gosto. E disse que havia um português que tinha uma fortuna avaliada em 2 000 milhões de euros; outros, dois ou três, que tinham, cada um, para cima de 1 000 milhões de euros, Vinham depois outros com valores menores.
Lancei-me a fazer contas. Se neste país 20 000 milhões de euros estiveram nas mãos de uma dúzia de “trabalhadores”, socorrendo-me do gracejo do Amorim das rolhas (aproveito para lhe lembrar que a vigarice e a roubalheira são o trabalho dos vigaristas e dos gatunos). E se dividirmos esse montante por 10 milhões de portugueses (utilizo números redondos para facilitar as contas) caberia a cada português 2 000 euros.
Os 2 000 euros resolviam os problemas dos portugueses? Não. E com a agravante de quando caíssem de novo na penúria já não havia ricos para esbulhar. E os ricos já não teriam os meios financeiros necessários para a continuação das suas actividades empresariais. E empresas fechadas, trabalhadores na rua. É fatal como o destino.
Não é a pôr, como querem alguns, os empresários na miséria que se resolvem os problemas. Os problemas resolvem-se com a obrigação da distribuição dos ganhos das empresas pelos empresários e pelos trabalhadores. Porque o ganho das empresas não foi conseguido apenas com o esforço dos empresários. Os trabalhadores também para ele contribuíram. E se para ele contribuíram também têm direito a uma parte dele.
A afirmação dum Presidente duma empresa, para justificar um prémio especial que teve, e bem chorudo, que a empresa tinha atingido os objectivos que ele planeara, não colhe. E não colhe porque os objectivos podiam ser muito bonitos mas ele sozinho nunca os conseguiria atingir. Teve a ideia, e isso tem valor, mas também tem valor o trabalho daqueles que possibilitaram a concretização da ideia.

Anónimo disse...

Vai-se a ver - depois de apurar acções, património, rendimentos e contas, passivos e activos, dívidas e encalacranços - e chegar-se-á à conclusão que nessas revistas onde as listas dos ricos e o respectivo 'valor' são publicadas, lavra bastante fantasia e são proferidas solenes petas. É também uma feira de vaidades para Amorins e afins. Os 'rankings' devem estar avariados e exagerados. Pela boca morre o peixe: se fossem mais discretos e estivessem caladinhos talvez algum mal-estar entre os 'ricos' não existisse agora. No fim, ir-se-á taxar mais alguns tipos com rendimentos (de trabalho) declarados um pouco mais elevados, e pronto. Tudo ficará em águas de bacalhau. A não ser que Cavaco e a maioria embarquem de novo no desejo de taxar a herança da velha pobre que estica o pernil e deixa o casebre ao neto desempregado; ou do reformado remediado que baqueia e deixa uma conta solidária à família; ou taxar as transferências bancárias que a avó de 85 anos faz aos netos.

Ass.: Besta Imunda