7.9.08

CHAIN REACTION


Não tenho a menor relevância social ou cósmica, como diria o escritor Gore Vidal. Todavia, a minha passagem pela Buchholz, um dia destes, "desencadeou" algumas reacções "a pedido" do João Villalobos. A mais próxima da minha "tese" é a do Francisco José Viegas. Os outros preferiam uma livraria estilo "Blair/Guterres" onde o livro viesse acompanhado de uma chávena de chá ou, mais correctamente, de uma rosa ou em que os funcionários adivinhassem de antemão os meus propósitos, tudo devidamente embrulhado nas "novas tecnologias" e por sorrisos idiotas. Li ontem no Público (fará parte da "cadeia" desencadeada?) que, afinal, a Buchholz está muito bem e que até vai abrir uma "sucursal" no Chiado (Largo das Belas Artes). E que a Sá da Costa - outra boa relíquia seguramente desprezível pelo cânone "moderno" - entra em obras e será "remodelada" com "espaços lúdicos" para as criancinhas. Fica sempre bem usar esses "pequenos monstros sem pescoço" (Tennessee Williams) como "imagem" como se as livrarias fossem carróceis mágicos ou o zoo. Tudo visto e ponderado, o Francisco pôs um termo à "cadeia". «À medida que o tempo passa, e vou ficando ligeiramente mais velho, passei a dar valor a coisas como o silêncio fatal da Buchholz e aquela inaptidão para tratar com o mercado. Às vezes encontro livrarias assim nos EUA, em Inglaterra, na Alemanha, em Israel. Pertencem a um mundo em que não havia consignações nem devoluções de livros (qualquer livreiro poderá falar disto com mágoa). Algumas delas são mais simpáticas do que outras; a Buchholz não era muito simpática.» Eu também não.

2 comentários:

Anónimo disse...

Fui cliente da Buchholz durante largos anos, mas ultimamente deixei de lá ir com frequência, porque mudei de local de trabalho e as livrarias do Chiado dão-me mais jeito.
Devo dizer que nunca o sorriso (ou falta dele) das funcionárias da Buchholz me afectou ou fez perder um minuto a pensar nisso.
Também a minha empregada, ao contrário da de Eduardo Pitta, jamais me fez queixas a tal propósito, sendo embora certo que nunca a mandei lá comprar-me um revista...

Anónimo disse...

O "espaço lúdico" para criancinhas numa livraria de referência é uma coisa que me deixa horrorizado. Razão suficiente para não pôr lado os pés. Se há coisa que uma boa livraria necessite é de silêncio e de sossego. Para criancinhas a correr e a gritar já chegam os centros comerciais, os restaurantes e os cafés que subsistem, aonde antigamente elas não entravam, os transportes públicos, etc. Acho perfeita a definição de Tennessee Williams.

MINA