Por causa da crise financeira mundial, os "liberais" apareceram em força. Não há praticamente ninguém que não seja "liberal". Todos nos explicam invariavelmente que o problema não é do capitalismo, essa maravilhosa invenção "libertadora" que domina o mundo de Nova Iorque a Pequim, de Luanda à Cova da Moura. Aliás, não foi o capitalismo que se "estragou". As pessoas, essas gananciosas - no fundo aquilo que devia justificar o liberalismo a sério -, é que o estragaram quando o capitalismo acenou com a cenoura do crédito até para comprar cuecas, e elas a comeram. Mesmo os partidos socialistas são, no essencial, "liberais". Sócrates, por exemplo, não pára de descerrar lápides e de lançar pedras em futuros empreendimentos de origem "capitalista" ou, mesmo, provenientes desse grande denominador comum da economia nacional chamado Angola, um virtuoso "modelo" de liberalismo africano. O aborto, o divórcio, o "cartão único", a gasolina, o dr. Pinho, Luís Delgado, Resendes, Rogeiro, Câncio, Daniel Oliveira, Marques Lopes, Passos Coelho, Chávez ou o sr. César aí estão para provar que somos mais "liberais" que o próprio D. Pedro. Os jornais e as televisões são "liberais". Num dia "enterram" alguém e no dia seguinte já o estão a "levantar". Qualquer media tem os melhores "explicadores liberais" do país à disposição para dizerem hoje o contrário do que disseram a semana passada, etc., etc. E a blogosfera, então, é o verdadeiro "campo de trigo" do liberalismo. Como é que o país não é um oásis de liberdade e de liberalismo, seja a que nível for, quando, do chefe do governo, ao derradeiro comentarista, todos são liberais ? É que, sendo isto um país periférico e pobre, é fácil ser-se "liberal" de sofá. Aliás, a maior parte desta gente é paga pelo Estado - em institutos públicos, universidades e outros organismos "oficiais" - para, entre outras coisas, praticar este original "onanismo liberal". De sofá. O "mercado" - que Sócrates inaugura dia sim dia não - também não é dele, mas ele apresenta-se, sem vergonha, ao lado dos donos do referido "mercado" para criar a ilusão de que a "esquerda moderna" é tão ou mais "liberal" do que os que que se dizem de direita. O "liberalismo" à portuguesa não passa de um exercício intelectual menos sofisticado que o "sodoku". Uns fingem que são liberais - de esquerda, de direita ou de nada - e outros fingem que acreditam. Não entra um átomo de "realidade" na equação destes jogos florais do regime. Está tudo bem assim e não podia ser de outra maneira, como diria o único que nunca se preocupou em se "travestir" de liberal e que se chamava Salazar. O único que nos conhecia.
6 comentários:
Por cá o pessoal vai sendo o que for quem tiver a torneira do poder nas unhas.Todos os nossos nomes sonantes tiveram os seus antecessores a servir ou a servir-se do regime Salazarista.Alguns até ainda são os mesmos e cada vez mais á esquerda como o freitas do amaral e surpresa das surpresas o ex-ministro de ultramar de Salazar...
A coisa é muito mais simples.A malta não tem espinha e sabe que quem não está com o poder cheira e que quem finge que está come...
O que retenho desses tempos, não em teoria mas na vivência real, foi um tio meu (como tantos portugueses) que serviu o Estado cerca de 50 anos.
Era o cabeça de casal, mulher doméstica.
Quando morreu, a viúva passou de remediada a indigente. Zero de pensão, nem 25 tostões como se dizia então!
Não consigo saudar "isto".
Muito boa observação, tudo o que hoje temos de podre tem responsáveis.
O sistema financeiro vai derretendo a olhos vistos, depois de anos de negócios irresponsáveis com esquemas mirabolantes, assentes na privatição, liberalização e desregulamentação de mercados, com o carimbo ou apoio dos poderes públicos. Entretanto o desemprego, os preços e as prestações dos créditos imobiliários aumentam, deixando muitas famílias no profundo desespero.
Os liberais não hesitam em sistemáticamente bradar contra o estado, lembram-se logo de o chamar, quando estão em crise. Assumem riscos se tudo corre bem. Se as coisas correm mal, esperam que o contribuinte pague a factura. Quando a crise passar e os lucros surgirem de novo, seguir-se-á a desnacionalização. Resumindo, quando ganham, guardam. Se perderem logo socializam os danos. LUCROS PRIVADOS, PREJUÍZO PÚBLICO. Assim vai o liberalismo. Sempre que o estado protege os mais desfavorecidos, exige-se menos estado, já se as empresas precisam de ajuda, pede-se mais estado. Para estes liberais o estado é mau quando ajuda os pobres, e é bom quando dá aos ricos. Desta actual crise há várias lições a tirar, por exemplo o que os liberais teimam em fazer: a privatização da segurança social. Esta privatização representa um enorme risco, senão vejamos o que está a acontecer com a maior seguradora do mundo a AIG. Imaginemos o que é, em lugar de fazermos descontos para a segurança social, passarmos todos a descontar para uma companhia de seguros e esta apresentar prejuizos e abrir falência. E o dinheiro dos segurados, que deveria ser capitalizado para uma futura reforma, não existir mais. Lá teriamos nós novamente os liberais a dizer que são os efeitos colaterais da crise financeira e que desta vez o estado deveria assumir os prejuizos. Assim vai a auto-regulação. Os liberais deveriam de perceberem de uma vez por todas, que o mercado deveria ser controlados por poderes públicos. já estes deveriam de recuperar muito do que perderam. Se o estado serve para salvar bancos, ou companhias de seguro, estas terão de aceitar submeterem-se a um controlo mais apertado.
Primeiro as picuinhices: Tambem me recordava da frase que terminaria "e não podia ser de outra maneira". Mas no texto impresso,ou seja no vol.VI,pag.346,dos "Discursos",lê-se "Está tudo bem assim e não podia ser de outra forma".Curioso,para os exegetas,porque "maneira" naquele contexto soa melhor do que "forma".Há que comparar com a gravação. Depois de eventualmente irritar os anti-salazaristas com estes preciosismos,avançaria:embora,como já aqui comentei,Salazar,com os seus aspectos positivos e negativos,tenha sido um notável Homem de Estado até ao final dos anos 40,dificilmente poderá servir de exemplo,como doutrina e acção,para os dias de hoje.Podemos respeitar a sua integridade pessoal e politica,o seu patriotismo,etc,mas a sua visão do país era tão estática quanto insustentável no mundo e na Europa de hoje. Podemos não gostar deste mundo e desta Europa,mas não nos podemos isolar em impossivel autarquia. E por isso o tal tão maltratado "liberalismo" mais ou menos pendurado do Estado,na tradição secular,que o VPV tantas vezes recorda,é o que nos resta. É medíocre? Certamente,mas as glórias de outras eras estavam condenadas,e se não fosse o 25/4 era outro dia qualquer,dado que o regime,diferentemente de Espanha,não conseguia auto-regenerar-se. Talvez a frase "Está tudo bem assim e não podia ser de outra maneira" adquira nova e indesejável actualidade... Quanto a que este seja um dos melhores Blogs da Direita conservadora,de acordo,apesar de alguns casuais deslizes.
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Onde estavam os adolescentes no 25 de Abril?
“ Na Terra do Comandante Guélas”
António Miguel Brochado de Miranda
Papiro Editora
Filmes de Apresentação no “Youtube” em “Comandante Guélas”
Papelaria “Bulhosa” Oeiras Parque, Papelarias “Bulhosa”, FNAC ou www.livrosnet.com
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