20.3.11

A POLÍTICA DA SEREIA

Enquanto o país se dividiu entre a lua - o lugar mais procurado pelos portugueses e onde normalmente vivem - e a recolha de conchinhas à beira-mar ou de lírios no campo, o fatal Sócrates mandou o rapazola Silveira, seu secretário de Estado, ameaçar os referidos portugueses com a "irresponsabilidade" do PSD. Que o governo quer negociar, que o governo é quem evita o FMI, que, se este vier, trará consigo catástrofes várias de proporções bíblicas, que o PEC 4 é, em suma e finalmente, a salvação da pátria. Num contexto puramente literário (Mallarmé), Jacques Rancière chama a isto a política da sereia. Mesmo na versão robalo de Setúbal, Silveira foi enviado pelo Chefe para o canto da sereia. É o que todo o governo (e o PS) fará ao longo da semana se o PEC4 passar, como parece que vai passar, pelo parlamento. Todavia, do parlamento é que não pode passar. Porquê? «Uma intervenção do FMI, com que Sócrates pretende justificar a continuação do Governo, significaria com certeza um aumento de impostos, mais despedimentos, uma recessão mais profunda. Mas significaria também o fim da incerteza, alguma confiança externa (como em qualquer protectorado) e a oportunidade para reconstruir o país (como aconteceu com o "cavaquismo") em fundamentos mais sólidos. É um preço alto. Talvez seja um preço necessário.» Mais. «A intervenção do FMI retiraria o primeiro-ministro de cena. Com duvidosa excepção de Costa Cabral, nunca nenhum outro político foi, como ele, tão desprezado e odiado pelos portugueses. Depois do que se disse dele e ele próprio disse, não há qualquer solução política com Sócrates (Do artigo de Pulido Valente no Público de domingo)

Adenda: Entretanto foi convocado mais um conselho de ministros extraordinário já que o ordinário para aprovar o PEC4 nunca existiu.

7 comentários:

Anónimo disse...

A vitimização de hoje do PS também já tem a mentira à mostra: "A 2 de Março, quando Sócrates foi a Berlim com o ministro das Finanças, Teixeira dos Santos, já tinha na mão as novas medidas de austeridade. Três dias antes, porém, indignou-se com o facto de se dizer que elas estariam na calha, protestando por a imprensa interpretar dessa forma as suas palavras de que faria tudo para cumprir a meta do défice, e as de Teixeira dos Santos, que admitiu «medidas adicionais»."

Isto agora são mentiras ao minuto.

Anónimo disse...

O objectivo desta aldrabice não muito extraordinária é criar um facto politico novo ,fazer esquecer o PEC que afinal nunca existiu e mostrar que são afinal muito democratas e cumpridores das regras.Os "jornalistas suaves" farão o resto .
R2D2

floribundus disse...

António Bernardo da Costa Cabral (1º Marquês de Tomar) era odiado pelos políticos.
as revolta do Minho tinha a ver com o facto do pessoal não querer pagar impostos.
acabou substituído por uma dupla de mafiosos (saldanha e rodrigo). pretendeu fazer a ligação ferroviária sem dívida externa. elogia-se o fontismo porque individou o país por 60 anos.
era um homem sério.
quando embaixador foi intermediário durante a 'queda de Roma' e evitou o pior; no Rio de Janeiro foi o único que se preocupou com os emigrantes que eramembarcados como gado e abandonados (tal como actualmente).
a crónica de VPV prefere outros ares mais urbanos.

Anónimo disse...

É essencial um auditoria ás contas antes das Eleições

lucklucky

Cáustico disse...

É única e exclusivamente à quadrilha do Rato que não interessa a vinda do FMI. Por isso a campanha imbecil que está a ser feita.

Anónimo disse...

O momento negro que se vive em Portugal teve o primeiro episódio liderado por um senhor chamado Vitor Constâncio. Não o devemos esquecer, porque eles vão "andar por aí" com pata de elefante. Não tarda e vão descobrir que o Portugal governado pela direita está um caos económico, financeiro, etc. Muitos deles vão agora dar aulas nas nossas universidades, não vá dar-se o caso de se perder a escola, o culto e a vasta experiência rosa.

João Sousa disse...

Pode ter sido um Conselho de Ministros Extraordinário. Infelizmente, aquilo está longe - longíssimo - de ser um Conselho de Ministros Extraordinários.