2.2.06

CONSEQUÊNCIA DO LUGAR


Tenho uma tristeza
no bolso de dentro
do velho casaco.
Dobrada, quebrado.
Tenho uma tristeza
suja de papel
e de letras gastas.


Eu quero deixá-la
no café sem noite
tiro-a do bolso
pouso-a nos olhos,
em cima da mesa
também é de ti.
Vinha de ninguém.

Charco de jardim
dádiva na mão
triste, por abrir
e depois a dor
aperta-me o punho
por anoitecer.
Venho de uma rua
para o teu lugar.

Olha para mim
para a sala toda
para esta tristeza
atirada ao chão
entre rastos de água
os dedos acolhem
um sorriso vão.

Parou tudo agora
neste ritual
que nada detém.
Bolso de casaco
costas da cadeira
chuva na cidade
vou da tua beira

para um quarto triste
com a mãe que dorme
noutro corredor
o sangue vigia
a pequena lei
a minha tristeza
chamavas-lhe amor.


Joaquim Manuel Magalhães

Hoje adormeci assim...

1 comentário:

Anónimo disse...

... e, eu assim

Ele estava lá
Mas,não ia
Nascia sempre
Mas,não o via
Ele que tudo acalenta
Mas,não sentia
Ele que brilha sempre
Mas não comprrendia
Nada atingia
Porem, um dia
Ele me tocou, abraçou, envolveu
Me acordou
E, eu sorria
E com alegria ia
Senti-lo, dia após dia
Ele ... o Amor