O dr. Sampaio voou até Timor para verter uma derradeira e furtiva lágrima. Desta vez, a venera foi ao encontro do condecorado, o homólogo Xanana. Timor pesa-nos. É uma daquelas matérias que temos com nós mesmos que ficará eternamente mal resolvida. Fátima ou a língua portuguesa, duas coisas que apresentamos como ex libris do nosso relacionamento com Timor Leste, arriscam-se a ser cada vez mais uma memória, muitas vezes péssima. Andámos com o pathos timorense ao colo como se de uma cruz se tratasse. Pagámos os preços de todos os remorsos em todo o lado. Falta pagar mais um. Ramos Horta, o vaidoso ministro dos Negócios Estrangeiros, suspira pelo inútil cargo de secretário geral da ONU. Freitas do Amaral, o preclaro congénere português, já soltou o apoio. Deve seguir-se Sampaio, de preferência emocionado. Timor Leste merecia melhor sorte do que ter tido que depender de nós e dos caprichos de uma ditadura vizinha. Nós apenas nos "comovemos" e observamos, ao longe, o que se passa. A Austrália, afinal, é já ali ao lado e o inglês, a gramática global. Este tardio romantismo político de Sampaio, ao outorgar a Timor Leste uma simbólica e melancólica despedida, é inconsequente. A realidade política das coisas é o que ela é. Está longe de ser o que Sampaio, na sua frivolidade, pensa que ela é.
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