Pasmaceira é a palavra que me ocorre para definir o presente "estado da arte". O Carnaval é um período deprimente destinado a evidenciar, de forma colorida e brutal, a nossa endémica miséria. Basta olhar para as barriguinhas proeminentes das sambistas de província para perceber do que falo. Os pais das criancinhas esmeram-se por as idiotizar um pouco mais. E, em casos mais graves, são os próprios adultos que dão margem à sua alegria forçada exibindo trajes e trejeitos adequados à época. Uma das piores coisas do mundo consiste em fingir a alegria. Entre nós - país periférico, pobre, sem memória seja do que for e pronto a render-se ao primeiro espectáculo "mediático" que lhe aparecer pela frente justamente para se esquecer daquilo que é - é normal que se "finja" a alegria e que se afogue a tristeza em álcool ordinário. É por isso que esta nossa alegria é uma alegria pasmada, sem conteúdo real. No fundo, queremos gritar ao mundo que estamos na merda, mas que estamos vivos. Que fraca consolação.
1 comentário:
barriguinhas proeminentes das sambistas de província para perceber do que falo.
tem piada, o que entende por PROVÍNCIA? Portugal? É que, de alguma forma, como provinciana, não sei do que está a falar. Na minha província, o carnaval ainda se rege por outro nível cultural, agora, nesses grandes centros urbanos (pelos visto desta Província maior) é que o samba sai por aí...
Era isso, felicitações
daniela fonseca
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