Há quarenta e dois anos, neste dia, um bonito casal americano, nada convencional, chegava a Dallas. Era a última viagem de John Kennedy. Mais tarde nesse dia, Jacqueline, com o fato saia-e-casaco cor-de-rosa ainda manchado do sangue do seu marido, regressou à capital noutro avião onde Johnson jurou ser fiel ao cargo de presidente dos Estados Unidos. Camelot terminava aí. Gore Vidal, vagamente "aparentado" a Jackie, conta que, uma vez, numa festa onde estava com Tennessee Williams, passou por eles o jovem senador J.F. Kennedy, cuja visão inspirou ao dramaturgo o seguinte comentário: "que belo traseiro!". Noutro texto, Vidal corrobora uma outra pequena "história" ventilada por um agente dos Serviços Secretos que acompanhava Kennedy. Nela, Jack está dentro de uma banheira que usava como terapia para as suas costas doentes, e fazia amor com uma ilustre desconhecida. No momento crucial, pediu à moça para meter a cabeça completamente dentro da água, já que - consta- tal situação provoca determinados espasmos na zona erógena feminina que, por sua vez, aumentam razoavelmente o prazer viril. John Kennedy tinha tudo para ser bem sucedido. Como Oliver Stone fez dizer a Nixon no filme homónimo, JFK representava o que os americanos gostariam de ser, e ele, Nixon, o que eles eram na realidade. Jack era novo, bonito, sexy - como diríamos hoje -, libertino, inteligente e rico. Levou para a Casa Branca o glamour e a alegria trágica da sua vida pessoal - a oficial e a outra - , ao lado de uma jovem e bela primeira-dama, com um par de filhos belos e fotogénicos. Foi o primeiro político a explorar inteligentemente as vantagens da imagem televisiva. Partilhou com os americanos e com o mundo inteiro os seus mil e tal dias de presidência, de tal forma que, depois dos disparos fatais de Dallas, uma sensação de orfandade objectiva percorreu o globo, como nunca antes tinha acontecido. Mesmo as suspeitas de ligações perigosas e corruptas, supostamente alimentadas a partir do pai para a promoção política do promissor herdeiro, nunca chegaram verdadeiramente a manchar a lenda. Como que num limbo, a imagem sorridente de JFK ficou para sempre cristalizada nos milhares de álbuns fotográficos que o imortalizaram. É por isso que nunca o conseguimos imaginar velho.
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