...vistos por Pacheco Pereira:
"Quando, muitas vezes, alguns jornalistas fazem, irritados, a pergunta retórica de quando é que "protegeram" Soares, uma das respostas está dada hoje. Soares entrou numa campanha quase de insulto pessoal, fazendo a psicanálise do seu adversário, a quem chama "complexado", ou melhor ainda, dizendo que é "complexado com ele próprio". Todo o discurso de Soares é de uma insuportável jactância e arrogância pessoal, política, mas também cultural e social. Não é muito distinto do ataque que o Independente em tempos fez a Macário Correia por ser filho de pobres. Soares não é um analista, não é um comentador, é um candidato a Presidente da República, a dita "mais alta magistratura da nação". Ora ainda não vi um único editorial de protesto contra quem está claramente a baixar o nível da campanha, editorial a que não escaparia qualquer outra personagem da política se não fosse Soares. Ou então terá o seu editorial crítico quando se encontrar qualquer coisa que permita um exercício salomónico, que, como é costume, protege o principal prevaricador. É verdade que Soares não tem tido boa imprensa ao contrário de Cavaco, mas a sua campanha também tem sido tão má que não espanta. Mas continua a beneficiar de uma enorme complacência.
E nos jornais vê-se também como um dos grandes méritos da discreta campanha de Alegre tem a ver com o que disse acima. Alegre fala de igual para igual com Soares, e não lhe reconhece um átomo da superioridade que Soares pensa que tem. Pode por isso responder com elegância ao "mau gosto" de Soares, como fez a propósito do boletim clínico que este anda a prometer exibir."
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