Manuel Alegre, alguém que cultiva um tipo de vaidade diferente da de Soares, decidiu remoer a questão das escolhas presidenciais do PS. E contou a uma rádio a sua versão dos encontros e desencontros que determinaram o avanço final do ex-presidente. No fundo, Alegre veio confirmar o que já se sabia: a imposição da soberana vontade do fundador ao partido por causa de Cavaco Silva. Entre o fundador e Alegre, Sócrates não pôde hesitar. Soares detesta que lhe falem disto e remete sempre para o PS qualquer explicação. O reconhecimento de que se tratou de uma quarta ou quinta escolha, para mais imposta, não cabe manifestamente no seu imenso umbigo. De nada vale, no entanto, a Alegre a tentativa de arranjar por aqui um pretexto "fratricida" que o "vitimize". Sócrates não lhe liga nenhuma. E Soares, a seu tempo, encarregar-se-á de o desfazer. O primeiro-ministro, aliás, terá alguma dificuldade em abandonar os lugares-comuns que tem proferido sobre Soares ou em andar de braço dado com ele pelas ruas. Quando era candidato a secretário-geral do partido, há apenas ano e meio, Sócrates (e bem) teve de responder ao então apoiante de uma candidatura adversária irrelevante, dizendo que "os guardiões do templo da ortodoxia fazem o papel ridiculo de conservadores de um museu que ninguém visita". Sócrates, entretanto, já deve ter aprendido que não se deve cuspir para o ar. A "hubris" socialista, em matéria presidencial, ainda mal começou.
Sem comentários:
Enviar um comentário