20.11.05

O SEXO E A CIDADE

Corre pela blogosfera -alguma- um pequeno "debate" em torno da sexualidade. O pretexto aparente é o "caso" das meninas amantes de Gaia. Sobre esta matéria, a sexualidade, recomenda-se recato. "Não te metas na vida alheia se não quiseres lá ficar", é uma excelente metáfora literária, inventada por Almada Negreiros em "Nome de Guerra" para "fechar" a discussão. Pasolini, por exemplo, dizia que havia apenas "uma" sexualidade cuja manifestação prática se podia traduzir em hetero, homo ou bissexualidade. E Gore Vidal passa a vida a explicar que não existe propriamente heterossexualidade ou homossexualidade, mas antes actos hetero ou homossexuais, eventualmente, até, praticados pela mesma pessoa. A apetência por mulheres, por homens ou por ambos resolve-se normalmente entre quatro paredes. Incomoda-me tanto a exibição pública da "homossexualidade" como da "heterossexualidade". Sou contra quaisquer associativismos segregadores, sejam eles adeptos histéricos da velha Shirley Bassey ou da associação das famílias numerosas. Desconfio, por igual, das "paradas" com manifestantes vestidos de branco e com muitas criancinhas pela mão, como dos desfiles "religiosos" das "drag-queens" do Barreiro. Dito isto, acho que ninguém - homem ou mulher, adolescente ou púbere - pode ser aborrecido por causa do uso, unívoco ou múltiplo, que entende dar aos respectivos órgãos sexuais, aí compreendendo a boca e as mãozinhas, dentro de portas que até podem ser as de um automóvel. Em suma, nesta, como noutras matérias, devemos seguir o conselho de Menandro: "nada te aconteceu de facto enquanto não te importares muito com o ocorrido".

Adenda: Ler os excelentes e últimos posts de Henrique Raposo, em O Acidental, em torno da "questão".

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