12.5.11

HUMILHADOS E OFENDIDOS?

Para "sossegar" aqueles leitores que verberam a minha regular apreciação das posições de Manuel Maria Carrilho, eis aqui um artigo que não subscrevo na totalidade. O argumento da "troika" do fraque" é equivalente ao dos "funcionários" e "burocratas" que vieram "incomodar" a estupidez política nacional que nos conduziu até aqui. Todavia, ao menos Carrilho - contrariamente, por exemplo, a Pacheco Pereira - clarifica responsabilidades. «Quando ouvimos o slogan "Defender Portugal" ocorre-nos a imagem de um herói corajoso, de uma acção decidida, de uma luta vigorosa. Mas na verdade, e como aliás rapidamente se viu, esta "defesa" não passou de uma teimosa e irresponsável negação da realidade. Uma perda de tempo, que é justamente o que os mercados menos suportam.» De resto, repito-me. Se estamos "humilhados e ofendidos" é por causa interna, com rosto, e não por causa dos "funcionários" - de fraque ou vestidos pela Zara - que se limitaram a cumprir o seu papel. Oxalá houvesse mais "funcionários" assim, a pastorear a nação, e menos portugalhada diariamente a enterrá-la. Não teríamos chegado, sequer, a conhecê-los.

4 comentários:

Anónimo disse...

Ontem, um telejornal qualquer (RTP?) transmitiu algo que me deixou - apesar de tudo, por já conhecer as reses - espantado e envergonhado: no PE, uma euro-edutada finlandesa revelava que o seu País aceitava emprestar o dinheiro, dando conta antecipadamente da deliberação; Rangel afirmou depois honesta e seriamente que "a responsabilidade da pré-bancarrota era da culpa interna, e não devido à crise (que foi igual para todos...)". Mas Hilda Figueiredo e Miguel Portas berraram insultos à Comissão, ao FMI, proferiram frases giras em que falavam estupidamente em "inaceitável ingerência" e ainda outras grosserias. Loucos de serem internados! Vergonha.

Ass.: Besta Imunda

Anónimo disse...

A sondagem inconveniente da Marktest não existe na página da TSF. No Diário Económico (outro dos encomendantes) está na forma de um comentário mais ou menos escondido. É das melhores fotografias do socratismo.

Cáustico disse...

Durante a ditadura do Professor Oliveira Salazar, com certa frequência, lia ou ouvia a afirmação de que a censura impedia que se ensinasse o povo. Quando ainda jovem, estranhava tal afirmação, uma vez que sempre aprendi o que quis aprender nas escolas onde o meu Pai me matriculou: A primária e, depois, a escola comercial.
Se não aprendi tudo o que me foi ensinado nestes estabelecimentos de ensino, a culpa foi inteiramente minha. Não é de minha índole socorrer-me de desculpas que não têm razão de ser.
À medida que a minha capacidade de discernimento aumentava e que crescia o conhecimento do que se passava à minha volta, quer no meu Portugal, quer ainda nas restantes regiões do planeta, fui-me apercebendo das reais motivações que levavam pessoas da comunicação social, mas não só, a atacarem o Professor Salazar por causa da censura que impedia, conforme diziam, que se ensinasse o povo.
Sem dúvida que a censura fora estabelecida para impedir que se dissesse ou actuasse contra a Nação. Não eram permitidas manifestações de oratória ou físicas de odor republicano, de expressão e interesse soviético ou que chocassem pelo seu carácter libertino e indecoroso.
Os efeitos da republicanisse estavam ainda bem presentes na memória de muitos. Meu Pai, republicano, mas não fanático, foi-me explicando, sempre que a ocasião o proporcionava, o que tinha sido a 1ª república, em resultado da estupidez dos republicanos. O partido comunista português, talvez a continuação das seitas da formiga branca e da carbonária, serventuário em Portugal da merda do socialismo soviético, tinha aparecido em 1924 e exercia a sua pressão sobre o povo. Os libertinos existiam, como sempre existiram. Não esqueçamos que S. Paulo, já há quase dois mil anos se insurgia contra todas as manifestações sodomíticas (para quem não sabe, paneleirices). Mas a censura e os HOMENS dessa época obstavam que esses anormais andassem a alardear livremente por todo o lado a sua anormalidade e a propagandear o seu orgulho besta.
O que se pretendia com a basófia do ensino do povo era - foi a conclusão a que cheguei depois da experiência proporcionada pela abrilada – nada mais, nada menos, que meter na cabeça do Zé, ideologias políticas vindas de fora, vivências fáceis de sonhar mas simplesmente impossíveis num país de fracos recursos como o nosso, todas as taras em que a anormalidade sexual, masculina e feminina, é pródiga.
O 25 de Abril aconteceu. A censura desapareceu. Desapareceu a censura exercida pelos coronéis, mas arranjaram outra, é bom que se diga, talvez bem pior, porque parece não ter existência real, mas existe.
E com a liberdade que a eliminação da censura dos coronéis proporcionou, que fizeram os arautos do ensino do povo? Pelo que vejo, nada. Os alunos das nossas escolas não conseguem responder a muitas perguntas simples que se lhes fazem. A televisão fez um pequeno inquérito sobre a tabuada nas escadarias do IST e o resultado foi desastroso. O povo que já não tem idade para escolaridades está cada vez mais bronco.
Não é a primeira vez que, em época de eleições, deparo com pessoas que me dizem que não sabem em quem devem votar. O conhecimento destes casos leva-me a perguntar o que fizeram, depois do 25 de Abril, os que diziam que a actuação da censura dos coronéis impedia que ensinassem o povo? Não tiveram a liberdade necessária para o fazer? E o povo não está tanto ou mais bronco do que estava? O que é que ensinaram durante 37 anos?

Cáustico disse...

Vê-se agora, mais de quarenta anos volvidos, que todo o palavreado dos que apontavam a censura como causa impeditiva do ensino do povo não passava de falácia usada numa tentativa de alcançar um bom governo de vida.
Pergunte-se a alguém na rua o que é e de que trata a economia, o que entende por capacidade financeira, o que é e como se determina o montante da dívida pública, o que é o défice, que ideia faz das transacções correntes, que entende por poupança e igualmente por investimento, o que é preciso para ser possível o investimento, o que lhe diz a expressão balança comercial, o que é a TSU etc., etc.
O que sabe agora a generalidade do povo? Nada ou quase nada. Aquilo a que chamavam obscurantismo permanece, mas agora havendo liberdade plena.
Estão à porta novas eleições e o povo vai ser chamado a decidir sobre assunto de que nada ou muito pouco percebe. E a sua ignorância, quase generalizada, constitui campo fértil para a sementeira da aldrabice.
Há-os que atiram com o canto de sereia democrática, quando o seu sonho é o da ditadura do proletariado. Há também quem prometa mundos e fundos, usando a mentira como arma de convencimento. Outros prometem aquilo que sabem não poder proporcionar ao povo.
Mas o povo não pode votar às cegas. Precisa de ter um conhecimento mínimo sobre a situação do país, como têm vindo a evoluir os seus indicadores de referência fundamentais.
Assim, convido todos aqueles que consideram que a ditadura não permitiu que se ensinasse o povo, que aproveitem o tempo em que ainda há alguma liberdade para o informarem sobre:
1 – Os montantes da dívida pública no 24 de Abril de 1974, nos dias em que Soares, Cavaco, Guterres, Santana Lopes deixaram o cargo de primeiro-ministro, e no momento actual;
2 – Os montantes dos défices nos momentos indicados em 1;
3 - Os montantes das despesas correntes do Estado nos momentos já acima indicados;
4 – A situação da balança comercial nos mesmos momentos;
5 – Os valores do PIB reportados às datas referidas em 1;
6 – Evolução do peso da dívida pública no PIB;
7 – Valor do Investimento público, referido às datas indicadas em 1;
8 – Evolução das PPP;
9 – Valores do agravamento da dívida pública de 2004 a 2007 em Espanha, na Irlanda, na Alemanha, na Zona Euro, em Portugal, na Grécia e na Itália;
10- Quantas toneladas de ouro havia nos cofres do Estado em todos os momentos acima referidos.
O conhecimento destas informações, juntamente com o entendimento que houver da situação nos campos da educação, da saúde, da justiça, da segurança e outros, já permitirá evitar votações às cegas.
O povo não deve aceitar palavreado canalha mas sim números bem explícitos e de inteira confiança.