Um amigo expatriado, desconhecedor do imenso Gulag jurídico que governa Portugal (acentuado com os seis anos de correcção política colectiva forçada por Sócrates), deixou caducar a carta de condução graças a um diploma de 2008 que viveu na clandestinidade até há poucos dias depois de os jornais e as televisões terem dado por ele. É certo que a ignorância da lei não aproveita a ninguém. Mas a geral, vinda de cima, ainda aproveita menos. O coitado pretendeu fazer tudo certinho. Foi ao centro de saúde, pagou a taxa moderadora e explicou ao médico ao que ia. O funcionário médico do glorioso SNS, por seu turno, explicou ao utente que a Ordem dos Médicos "era para ter" criado (presumivelmente em parceria com a dra. Disso e de uns trocos ou de um cartão de crédito na carteira. O meu amigo - que não vive cá mas a quem dá jeito usar o seu carro português quando anda por aí - regressou ao estrangeiro com uma certeza. Mais do que "simplex", Portugal continua "eurex" e tudo, como num vulgar prostíbulo de Amsterdão ou Paris, tem um preço. Ele preferiu pagá-lo e, como outros, ser mais um estrangeiro definitivo. Quem não preferiria?
5 comentários:
...também certos concursos para projectos, daqueles "internacionais-públicos-europeus-euroasiáticos-formatados-em-base-de-dados.gov" organizados de modo a neutralizar a corrupção, são passíveis de ser ganhos - mediante um telefonemazito, cujo conteúdo pode muito bem ser: "ó pá, a minha proposta anónima é fácil de distinguir; tem um belo motivo desenhado e calcetado, em forma de presunto, nos 'arranjos exteriores'. Dás logo com aquilo".
Ass.: Besta Imunda
Portugal tem, como todos os países, coisas boas e coisas más. Talvez o seu amigo contabilize as coisas boas do país onde habita como sendo suficientes para continuar por lá. Tendo tido uma experiência recente por terras Anglo-Saxónicas, devo salientar que a única coisa positiva é o salário mais elevado. E as Off-license que nos permitem comprar algo a qualquer hora. Um país onde se decidiu que todos que trabalham são obrigados a ter uma conta bancária senão não poderão receber ordenado. Não se pode pagar em dinheiro por "medo" das fraudes com cheques. Estacionar em certas zonas de Londres é impossível sem conta bancária e um telemóvel. Um cheque, do mesmo banco, demora 3 dias úteis a estar disponível depois de depositado. O famoso Metro de Londres é insuportável quando as temperaturas exteriores são superiores a 22-23º. O ar condicionado custa muito dinheiro... Os preços dos transportes são proibitivos. Os preços de habitação quase que deitam por terra o excedente relativamente ao ordenado português. Londres é uma cidade fantástica. Com espaços verdes em cada canto, onde ainda se vêem esquilos, raposas, pelicanos entre outros. Só me chateiam os pombos, que estou convencido que me seguiram desde Lisboa. Nem tudo é bom lá fora. Mas a verdade é que se nós aprendêssemos algumas coisas com eles, este país seria dos melhores do mundo para habitar.
Ah! Já me esquecia! E a gastronomia de cá??
A experiencia do Nuno aqui em Londres deve ter sido do tipo fim de semana prolongado !
Não se pode pagar em dinheiro ? O tube é muito quente?(deve ter sido em Agosto...) Não se pode estacionar sem conta bancária ?(Deve ter feito confusão com a congestion charge que entretanto acabou.)
Tem porém inteira razão quanto ao preço dos transportes que são no entanto inteiramente gratuitos para os maiores de 65.
Mas vamos às tribulações do amigo do José com a carta: No RU ela é renovada pela primeira vez apenas aos 70 ; o interessado vai aos correios preenche um formulário e assina uma declaração onde atesta não sofrer de nenhuma das doenças constantes da lista apensa.Junta uma fotografia e paga a respectiva taxa.Dias depois o DVLA (Organismo que emite as cartas)envia-a para casa.
Então não há uma inspeçãozinha médica ??!!
Não, e a razão é simples : Para existir teria de ser a sério e para isso não há recursos,nem em médicos nem em meios...ou então seria uma treta , logo vale a palavra do Cidadão.
Enfim,feitios...
manuel.m
E o instituto das cartas não fornece ou vende o impresso para o atestado médico... há que ir comprá-lo à Imprensa Nacional! Não poderiam fornecê-lo e cobrar mais 0,20 €?...
JCosta
Caro Manuel M.,
O caro amigo está equivocado. A minha experiência foi mais do que um fds. E foi a trabalhar dentro da City. Onde há diversos locais para estacionar onde os parquímetros são meras placas com um número de telefone para o qual ligar onde terá de fornecer o número do seu cartão de débito/crédito. Não há parquímetros para colocar a bela da moedinha. A entidade patronal pode pagar em dinheiro. Por fora. Mercado paralelo. Como muitos empregadores portugueses o fazem. Há coisas que são difíceis de largar mesmo quando se vai para um país que era conhecido por ser honesto. O senhor deverá estar a trabalhar há muitos anos e porventura achará que a temperatura do metro é agradável. Mas eu achei simplesmente impossível entre Maio e Agosto. Julho não foi tão mau quando a temperatura foi mais baixa. A piada do assunto, é que a minha mãe é inglesa e diz que não evoluiu nada desde os anos 60. E estou a falar do ambiente, não das estações.
Mas a ideia não era fazer uma competição de conhecimentos sobre Londres e sim fazer uma referência ao que todos os países têm de mau e de bom.
Acrescento por isso mais umas coisitas: para poder receber o primeiro ordenado, tem de ter conta bancária; para a ter, tem de ter Insurance Number; para o ter tem de marcar uma entrevista com o Job Center que nos casos mais rápidos leva cerca de um mês. E leva entre duas a três semanas até receber o número definitivo. Caso engraçado, para quem não tem um comprovativo de morada, é que a carta da Insurance Number será a única que poderá utilizar para abrir uma conta no banco. Na Inglaterra também há coisas que funcionam muito mal. Não é só cá.
Tenho de confessar que, apesar de tudo, teria ficado por lá se não fosse as razões pessoais que me fizeram voltar. Apesar de tudo, a seriedade e forma de trabalhar no Reino Unido é de longe melhor do que por cá. E o dinheiro até dava jeito! Um bem haja para si!
Enviar um comentário