25.5.11

A POSSIBILIDADE DE UMA IDEIA DE CIVILIZAÇÃO


O que falta em autoridade nas escolas, nas ruas (salvo na obsessão persecutória contra os condutores de automóveis na cidade), nas famílias - em suma, a falta de uma coisa que um jurista famoso apelidou de sentimento jurídico colectivo - sobra em propaganda destemperada, em criancismo brutal, em engraçadismo idiota. A violência evidenciada alarvemente na internet é um sintoma demasiado burgesso disso. Quando a correcção política e social sai do papel e pára em pessoas (não exactamente em pessoas, antes em pedragulhos com olhos) desfaz-se o mito do "bom rapaz" e do "bom selvagem" alimentado desde sempre pela pior filosofia política, a do optimismo antropológico, que consegue, até, descortinar crianças num boi, numa vaca ou num penedo. É indispensável baixar a idade da imputabilidade penal. Se os monstros e monstras têm idade suficiente para "brincar aos médicos", para vadiar em vez de ir à escola, para incomodar os outros com a sua grosseria de bando, então não são eles quem está "em risco", essa desculpa "democrática" inventada por brigadas "multidisciplinares" e "comissões" criadas a torto e a direito para nada. Quem está em risco é a sociedade. E a possibilidade de uma ideia cada vez mais reduzida de civilização.

22 comentários:

fado alexandrino. disse...

Um mui competente técnico referindo-se a este caso falou em "crianças".
Estamos entregues à bicharada.

floribundus disse...

este fascismo apalhaçado tipo mussolinico criou os monstros que temos
no ps
nas tvs
nas escolas
nos farrapos a que aida chamam familias
nos clubes desportivos
e por aí fora

a selvajaria é situação politicamente correcta:
esfaqueiem-se uns aos outros

MINA disse...

É óbvio: com as "crianças" que temos a sociedade está naturalmente em risco. Concordo com o autor do post quanto à necessidade urgente de baixar imediatamente a idade de imputabilidade penal. Uma civilização que considera "crianças" alguns monstros e monstras que deveriam estar há muito tempo na cadeia é uma civilização decadente à beira da agonia final. Concordo com as comissões de apoio às crianças, às autênticas; quanto às outras comissões, e às outras "crianças" podem ir directamente para o lixo.

amendes disse...

Pancadaria entre colegas de escola sempre houve.. Só que no antigamente levava-se mais na reitoria...
O que se perdeu foi a autoriadade dos professores...Então substituiram-na por uma classe nova e mais perigosa do que as dos alunos desordeiros: - para-psicologos(?) escolares...

Assm ao jeito da nova profissão, pomposamente chamada de politologo!

Bmonteiro disse...

Próximo daquilo que considero perdido desde Abr74/Nov75:
A disciplina social da plebe, aceite e fomentada pelas elites.
A pedir:
a) Responsabilizar pais e mãezinhas;
b) Os professores, depois de lhes restituir a autoridade.
c) Passou há dias um documentário inglês muito interessante sobre escolas problemáticas.
Admitiram ex quadros militares (sargentos) como professores. Resultados surpreendentes.
Aqui, seria contra um qq lei da república ou do regime.

Justiniano disse...

Caríssimo J. Gonçalves, permita-me este pequeníssimo pormenor que nada tem que ver com este seu post.
Entre a misantropia de Céline e a misantropia de G.Vidal!! Para lhe dizer que a frase, à laia de estandarte, que aqui, durante muito tempo, empregou tem uma dimensão de sublime epitáfio que a actual não consegue ter, na opinião deste seu leitor!!!

Anónimo disse...

O que falta a muita 'criança', a muito adolescente, a muito psicólogo cúmplice da indústria do trauma (que o alimenta e justifica a sua inútil existência), a muito político-filho-dum-cabrão-que-tem-os-filhinhos-no-colégio-alemão-enquanto-diz-aos-outros-que-a-escola-pública-é-que-é, é um valente par de chapadas enfiadas regularmente no focinho. E "a tempo".

Ass.: Besta Imunda

Anónimo disse...

Sim, é urgente baixar a idade da inimputabilidade. Se antes do 18 anos já fazem abortos, já tomam a pílula do dia seguinte e do dia anterior, se já sabem fazer filmes e colocá-los na internete, já matam e esfolam, etc., etc., podem perfeitamente ser responsabilizados criminalmente pelos seus actos O resto é suicídio colectivo.

Carlos Medina Ribeiro disse...

A propósito da «obsessão persecutória contra os condutores de automóveis na cidade», de que se fala neste 'post', talvez alguns leitores gostem de saber que, em determinados locais de Lisboa, não é bem assim...

A quem conseguir provar que estou enganado, ofereço almoços de lagosta, como se pode ver [AQUI].

Aviso, no entanto, que não será fácil ganhá-los, pois estão disponíveis há mais de 3 anos e nunca um único foi, sequer reivindicado - apesar de até já terem sido anunciados no Correio da Manhã, no Público, no Jornal de Notícias e até mesmo na Sic...

Nuno Oliveira disse...

Há muitos estudos sobre a violência. E parece que a maioria culpa a sociedade. Se por um lado há os que defendem a disciplina e autoridade como formas de a reprimir, muitos outros explicam os factores educacionais, tanto os familiares como os ambientais, especialmente durantes os primeiros anos da criança, como sendo fundamentais na formação da personalidade do indivíduo. O que encaramos nestas situações, são um misto de emoções. Se por um lado nos sentimos horrorizados com este comportamento, que difere apenas na quantidade e não na forma quando a comparamos com os nossos tempos de jovens, por outro lado sentimos um verdadeiro desejo de castigar aquilo que não compreendemos. Este é um paradigma que nos irá acompanhar por muitos anos. Há factores comuns, no entanto. E estão quase todos associados a uma classe mais desfavorecida. Se acreditarmos que o modo de cura de todos os males sociais é a repressão, as causas desses males não desaparecerão. Sim. Não deveremos deixar a violência alastrar. Concordo com a punição. Mas a punição, só por si, não vai diminuir a violência. Quanto mais reprimirmos uma pessoa frustrada mais tendência ela terá para ser violenta. Uma comparação médica para este caso: se uma pessoa com um cancro tem uma dor, podemos lhe dar um analgésico e a dor passará momentaneamente mas, mais cedo ou mais tarde, morrerá por falta de um medicamento ou operação que o cure. Assim é a sociedade. Se persistirmos em ignorar as causas do mal, nunca a curaremos. Não obstante a quantidade de analgésicos que lhe possam dar.

Anónimo disse...

Como mulher chocou-me profundamente ver estas vacas machonas armadas em kickboxers que aspiram a imitar rapazes psicopatas e ordinários.
As mulheres deixaram de se dar ao respeito. Pensando alcançar uma soi-disant igualdade como o macho, acham-se muito libertas quando enchem a boca com ordinarices, palavrões, piadas rascas com vigésimo-quarto sentido, andam de decote até ao umbigo e minisaia até à dita.
Considero que as mulheres, mais do que os homens, são os verdadeiros pilares da nossa sociedade, por isso, com futuras mulheres destas, infelizmente, a sociedade está à deriva para nunca mais se encontrar.

Valeria

Maria Tuga disse...

O que constato é que todos nós nos desresponsabilizamos e aceitamos a falta de educação que vimos no dia a dia. Por ex. estou numa fila numa papelaria, num supermercado, etc um jovem fala ao telemóvel e em cada duas palavras uma é um palavrão.. Ninguem diz nada.....Vejo na rua um cão a defecar, um homem a urinar e ninguém diz nada. Vivo em Lisboa em Benfica. Eu digo...(mal educados, respeito pelos outros, blá blá...) e olham para mim como se fosse uma allien!!!

m.a.g. disse...

Não há um dia que não me pergunte: o que passa na cabeça destes adolescentes? E esta brutalidade, para além dos contornos de violência e crueldade, passa também pela estupidez de actos Rambolescos e é transversal a todas as classes sociais. No final do ano passado um amigo de um dos meus filhos, achou por bem sair de uma discoteca sem pagar, pelas traseiras (pela adrenalina da coisa). As traseirass davam para um via-rápida. Foi atropelado e morreu a caminho do hospital. Soube há pouco que outro, resolveu utilizar uma estrutura tipo viaduto que estão aqui a montar na av. da Boavista, para daí se lançar (radicalmente) para cima de um autocarro que passava e fazer flexões. Mediu mal o tempo de projecção salto/autocarro. Está no hospital todo partido. Será que nós pais andamos a errar assim tanto. Sinto-me destroçada, embora por aqui não tenha havido, por hora, nada de radical.

Isabel disse...

Soube hoje que uma colega que estimo foi violentamente agredida na sala de aula por um "jovem".Soube-o graças à coragem de outras colegas que, perante a passividade da Direcção e a respectiva tendência para ocultar factos que "lesem a imagem da Escola", se ofereceram como testemunhas deste crime público.
Pelo que ouvi, o dito "jovem" entrou na sala exigindo acesso ao Facebook (não esquecer que, neste país milionário, há escolas em que todas as salas têm computador, projector, écran e, em muitos casos, quadro interactivo).Perante a recusa da professora, o energúmeno torceu-lhe um braço causando-lhe desequilíbrio e queda.Tudo se passou perante uma turma já habituada à selvajaria desta e doutras criaturas.Perante a banalização da brutalidade nas escolas, perante a desumanização deliberada da nossa juventude (sempre afirmei e mantenho que os nosso jovens não sofreram qualquer mutação genética), um único e cansado pensamento me ocorre:já ia sendo tempo de este país ser governado por gente decente. Espero que o venha a ser em breve e que também a "gestão danosa" daqueles seres que, afinal, são o nosso futuro, seja um dia meticulosamente investigada.

Anónimo disse...

A "criançolatria" reinante de há uns anos para cá, assessorada por infindos pedo-psiquiatras,peido-psiquiatras,psicólogos assistentes indispensáveis de qualquer instituição juvenil,dá nestas e noutras.

Anónimo disse...

Besta Imunda :
Não é "Colégio Alemão" é "Escola Alemã" e é...muito boa! Pena é que a escola publica não seja igual !!
Mas concordo consigo no restante.

Ass: Romão

PedroS disse...

"a punição, só por si, não vai diminuir a violência."

..mas ajuda bastante. Uma punição não precisa de ser violenta, basta não recompensar comportamentos intoleráveis. Até os cães e gatos conseguem aprender a comportar-se dentro de casa e em sociedade. Um ser humano que não o consegue fazer não tem desculpa (a não ser que tenha um atraso mental gravíssimo)

"Quanto mais reprimirmos uma pessoa frustrada mais tendência ela terá para ser violenta."

Aceitar esta premissa é aceitar que os comportamentos violentos são devidos à frustração. Mas isto só seria um argumento aceitável se esses comportamentos fossem a única forma de reagir à frustração. Portanto, o facto de alguém libertar a sua frustração através da violência é um acto livre, não uma reacção "inevitável" e portanto até "compreensível".

Quanto à presença destes comportamentos em classes desfavorecidas, não é um argumento a favor de mais compreensão. Tenho a certeza que a verdadeira relação causa-efeito é: "comportamentos socialmente intoleráveis produzem insucesso sócio-económico", e não o contrário.

Anónimo disse...

"Deutsche Schule Lissabon". O edifício é "ao pé" do meu aprisco - onde me recolho confortavelmente ao fim do dia para meditar, lavar as janelas e voltar os cinzeiros ao contrário. Digo "Colégio" por hábito e porque o País sempre polulou de colégios e coleginhos; eu próprio frequentei alguns, que eram autênticas escolas de virtudes. Mas onde o crime era de facto aprendido e bem leccionado era no 'Estado' (Liceu Nacional de Sá da Bandeira em Santarém); tal como nas penitenciárias. Especialmente depois do 25 de Abril e já com turmas mistas. Éramos uns perfeitos animais...

Ass.: Besta Imunda

Carlos Medina Ribeiro disse...

«Inside the criminal mind» é um livro extremamente curioso. O indivíduo que, deliberada e sistematicamente, infringe as regras da sociedade (e tanto pode ser o condutor que bloqueia um passeio como um assassino) não se sente minimamente "culpado". O seu cérebro funciona por forma que ele se auto-justifica, encontrando sempre óptimas razões para fazer o que faz - por mais abjecto e anti-social que seja o seu comportamento.

A única linguagem que essa gente percebe é a da punição - que deverá ser proporcional à falta (evidentemente) e relativamente garantida.

No seu livro «Sol Nascente», Michael Chricthon refere a baixa criminalidade no Japão - não porque as penas sejam altas, mas sim porque a probabilidade de as apanhar ronda os 100%.

Nuno Oliveira disse...

Caro Pedero S.,

É engraçado que opte por usar uma frase minha. Mais engraçado seria incluir a frase anterior à que usou:
"Concordo com a punição. Mas a punição, só por si, não vai diminuir a violência."
Fica muito mais completo assim?
E o que quero dizer com esta afirmação é que não podemos permitir que a violência/crime continuem, mas impedire que alguns continuem não resolve o que causa que eles o sejam de início. E deverá ter apercebido que a maioria dos criminosos mal tratados só se tornam ainda mais rancorosos e vingativos. Fica difícil para uma pessoa "normal" entender que estes comportamentos aberrantes possam ser executados por alguém. Mas como diz o Carlos Medina Ribeiro no seu comentário, a mente criminosa não encara a moral e a regra da mesma forma que o resto da população "normal". E aqui encontra-se a causa desse mal. É educacional. E se quisermos resolver este "cancro", devemos ir às suas causas. De outro modo nunca o resolveremos. É do conhecimento geral, que muitos dos reclusos que têm acesso a uma instrução e uma ajuda na sua reintegração, conseguem reentrar na sociedade de forma a serem bons cidadãos em comparação aos que só sofrem abusos e maus tratos nas cadeias. Creio que será indicativo o suficiente. Claro que nem todos o conseguem. O ponto importante a registar no comentário do Carlos, na minha opinião, é que o conceito de separação do bem e do mal do criminoso está deturpado. E as causas deste comportamento são educacionais. Nós, seres humanos, somos animais sociais, e como tal não podemos afastar esta verdade do comportamento individual. Não quer dizer que devamos ser permissivos em relação a estes comportamentos. Mas se fizermos um esforço maior na cura das causas, teremos mais sucesso. Um exemplo apenas: nos EUA, gasta-se mais dinheiro no sistema prisional do que em apoio aos pobres. Muito mais. Dinheiro que se fosse mais bem empregue reduziria drasticamente o número de prevaricadores. Muito mais haveria para discutir. O problema é complexo e não se resolverá com o paradigma económico em que vivemos. Não é do interesse de quem manda...

Lanceiro disse...

Volte-se ao serviço militar obrigatório e vamos a ver que esta pseudo geração entra logo nos eixos.Triste Pais que tão fundo bateste!

Nuno Oliveira disse...

Claro. Acho que deveríamos voltar a ter a mocidade portuguesa, já agora. Não há nada como robots para nos certificarmos que a sociedade é como nós queremos. Pensando bem, foi o serviço militar que fez com que os portugueses passassem a respeitar o bem comum. Que não andassem em pancadaria. Que fossem honestos e não fugissem aos impostos. Que chegassem a horas ao serviço. Que não usassem atestados médicos fajutos para enganar o chefe. Que não picassem o ponto dos colegas. Etc.. Etc.. Em resumo, foi o serviço militar que tornou esta nação um exemplo para o mundo...

Nada como o corpinho cheio de hematomas para se ser obediente! Bem-vindos à carneirada!!