Esta entrevista de Francisco José Viegas é, a vários títulos, eloquente. Viegas "mexe-se" bem no regime. É um homem que, ao contrário de uma das suas famosas personagens, jamais será forçado a deixar tudo para trás: «sempre idem velle atque idem nolle.». Fica-se a saber, por ele, que um governo liderado pelo PSD não apresenta um ministério da cultura. Porventura o cargo equivalente regressará a um secretário de Estado na dependência directa do primeiro-ministro depois de a "direita", com Lucas Pires, em 1982/83, ter inaugurado a ideia de "ministério", só retomada, depois de 1995, com o bonzinho Guterres e Carrilho. Se assim for, tudo indica que o cargo será de Viegas, o "coordenador" da matéria no prolixo gabinete de estudos do PSD. Mas Viegas, para além disto, é sobretudo editor de livros, escritor, cronista e comentador televisivo, coisas em que ele (como o sublinha, aliás) possui muito mais poder do que em qualquer governo obrigado a contar tostões. Viegas é candidato a deputado por Bragança porque são de lá os seus "maiores", a família. Se for eleito e não for para o tal cargo na dependência do 1º ministro (que, nesse assunto, ficaria "dependente" de Viegas já que nenhum candidato a 1º ministro ou afim se distingue particularmente por ser "culto"), Viegas fica com uma parafernália de opções. Às que lhe davam "poder", poderá sempre juntar a de deputado que, entre nós, é coisa perfeitamente exercível em part-time. A "cultura", de facto, não existe.
6 comentários:
pelo contrário a cultura e a inkultur
existe em todos
e mesmo a negação da cultura não deixa de ser cultura
paradoxa cultural
Com personagem como esse Viegas a «coltura» está bem e recomenda-se.
Estamos entregues a grandes cabeças!
Pois. Vamos ver se na próxima edição do seu livro (há-de haver, caramba!), este decano das letras consta das listas do seu índice.
É de vómito, saber que esta lapa do regime, sempre a sorrir, sempre de bem com todo o mundo, sempre a lucrar com todos, vai estar na folha de pagamentos alimentada pelos MEUS impostos. E duas vezes (como deputado e como putativo [tantas putas de facto!] secretário de estado)!
Eu gosto do FJV. Não percam tempo em ataques pequeninos quando somos governados por mitómanos de plástico e centrais de propaganda, esses sim perigosos e(até) criminosos.
O FJV escreve bem, divulga e trabalha, o que já não é pouco.
Qem nos (des)governa vai passando pelos pingos da chuva, face a uma sociedade anestesiada e medrosa, que só vive de aparências e na espuma dos dias. Quando o nosso vendedor de frigoríficos a esquimós, o "Goebells da Cova da Beira" ganhar as eleições, queixem-se...
Sempre achei o FJ Viegas digno de um grande cargo, sobretudo pelo grande esforço de se fazer passar por polido e inteligente. Se ele tem algum brilho será por ser um verdadeiro azeiteiro, um labrego polido, capaz de nos fazer crer que gosta de ler as listas telefonicas por terem muitas personagens.
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