23.5.11

A RAZÃO DO BISPO "VERMELHO"

«Vejo esta crise com muita apreensão, com muito desgosto, com alguma vergonha. Estou convicto que esta crise era evitável se à frente do país estivessem pessoas competentes, isentas, pessoas que não se considerassem responsáveis por clubes, mas que se considerassem responsáveis por todo um povo, cuja sorte depende muito deles. E fico muito irritado quando, por parte desses senhores, que nós escolhemos e a quem pagamos generosamente, vejo justificar que esta crise impensável por que estamos a passar, é resultante de uma crise mundial. Há pontas de verdade nesta justificação. Esta crise, embora agravada por situações internacionais, é uma crise que já podia ter sido debelado por nós há muito tempo, se nós não andássemos a estragar o dinheiro que precisávamos para o pão de cada dia.(...) Estas situações, da maneira como estão a ser agravadas e, sobretudo, da maneira como estão a ser mal resolvidas, podem ser focos muito perigosos de um incêndio que em qualquer momento pode surgir e conduzir a uma confrontação e a uma desobediência civil generalizadas (...). Mete-me uma raiva especial quando vejo o governo a justificar as suas políticas e as suas preocupações de manter e conservar e valorizar o estado social do país. Pois se há alguém que esteja a destruir o estado social do país, é o governo, com o que se passa a nível da saúde, a nível da educação, a nível da vida das famílias, dos impostos, dos remédios, mas que tem só atingido as pessoas menos capazes, enfim as pessoas que andam no chão, as pessoas que estão cada vez com mais dificuldades em viverem o dia-a-dia, precisamente por causa destas medidas do governo.»


D. Manuel Martins, antigo Bispo de Setúbal à antena1

10 comentários:

joshua disse...

Corajoso, uma vez mais.

Joaquim Costa disse...

Também acho. Corajoso uma vez mais.

Acho de muito mau gosto apelidarem-no de "bispo vermelho". Conheço-o e dele afirmo, que é um bom cristão.

Anónimo disse...

Bispo Emérito; e cheio de mérito. E com eles no sítio. Que diferença destes 'príncipes da Igreja' que recentemente, num 'sínodo rasteiro-e-PS', postaram Sua Poli-Eminência-Cardinalícia numa presidência decorativa. Alguns apenas se entretêm a administrar os seus 'santuários'

Ass.: Besta Imunda

fernando efe disse...

A Crise e´ estrutural. Logo, começou em 1974 e/ou em 1985. Em 74enchemos Portugal de direitos; em 85, a CEE fez-nos acreditar - e Cavaco, mais que todos - que eles iam acontecer por um passe de magica. O resto, os que se sucederam, foram uma corja de "proxenetas do erario publico" (hoje, estou educado), que nunca geriram, com o seu dinheirinho, um quiosque de esquina, quanto mais um Pais. Alem disso, a "esquerda" ganhou o debate ideologico e a narrativa comunicacional: va´ de distribuir sem cuidar de, previamente, construir. E os que constroem - o empresariado que investe o seu - torna-se alvo do maior partido nacional: o PI, o partido da inveja. Portanto, o fim era evidente. E Medina bem avisou: so´ que o pessimista nao o foi tanto quanto devia; previu o naufragio entre 2013 e 2015, e o esquizoide do Socrates - verdadeiramente aluado com uma realidade irreal - conseguiu o feito de o antecipar. E nao se pode prende-lo?

Nuno Oliveira disse...

Acho piada a este tipo de afirmações. Enquanto continuarem a considerar o paradigma da sociedade tal como está construído, alicerçado num sistema financeiro completamente artificial cuja dívida é 9 vezes o dinheiro, guito, cash, argent real a circular, não haverá bispos, vermelhos ou de outra cor, que falarão verdade. Mesmo que a "mentira" seja honesta. Toda o sistema está baseado em dívida. Compreendam isto e compreenderão que, de acordo com a previsão de alguns economistas 60% dos países terão falido até 2050. É inevitável. Juntando a isso o paradigma do trabalho e a inevitabilidade da ultrapassagem da tecnologia e a necessidade do consumo na relação preço de custo/venda, temos que o desemprego irá aumentar. Em todos os países excepto os que estão "emergindo", nos próximos anos. Quando o desemprego ultrapassar a capacidade de consumir, quando a bolha da dívida for apanhada pela incapacidade de pedir mais dívida, o crash será total. Espero que o bispo esteja vivo para poder ajudar-nos a todos nessa altura.

Anónimo disse...

Bispo Vermelho? Que nome tão triste para um Bispo que é apenas um bispo cristão!

amendes disse...

Não vem ( ou talves) a propósito... só para que conste...

O "Jornalista relativo" do CM, voltou a ignorar o meu comentário onde ingava sobre o " Paquistão invade Évora"

Moita carrasco... o homem é mesmo relativo!!!
Tira a máscara pá... já todos te toparam.

bluegirl disse...

Não quero saber se o Bispo é vermelho, verde ou amarelo, bom ou mau cristão! O que importa é que fala verdade.
bluegirl

Licurgo disse...

JG., que ideia essa de apelidar o emérito Bispo de Setúbal de "bispo vermelho"?!
Bispo como poucos, sempre na defesa do Povo, nunca lhe vi tendências esquerdistas, apenas o denodo de lutar pelos mais desprotegidos.
Tivéssemos nós, na política, gente desassombrada e lúcida como ele!
Paz e Bem.

Anónimo disse...

Não esquecerei uma saída de D. Manuel Martins, quando era bispo de Setúbel no activo. Convidado por Cavaco Silva para almoçar, no fim foi-lhe proposto um digestivo. E foi então que D. Manuel Martins se destemperou. Veio dizer para a Comunicação Social que tinha ironizado com Cavaco por convidá-lo para um digestivo depois de só lhe ter oferecido um arroz com "jaquinzinhos". Ora eu acho que a um bispo não ficou bem ter vindo fazer reparos públicos dessa natureza. Além de os "jaquinzinhos" serem uma delícia, um bispo, ainda por cima vermelho, defensor dos que famintos de Setúbal, não devia ter falado nesses termos. De que estava ele à espera? Que o austero Cavaco lhe ofercesse lagosta?
Enfim, também os bispos, mesmo vermelhos, têm os seus apetites...