«José Sócrates não gosta da palavra ‘bancarrota’. Considera que o termo é um insulto para Portugal. Eis o melhor retrato da cabeça de Sócrates, por ele próprio: um político que prefere negar a realidade e confunde uma crítica ao governo com uma crítica ao país.Foi este tipo de ‘raciocínio’ que nos atirou para o abismo inominável. E foi essa cegueira que o enterrou ontem à noite. Verdade que havia sinais: com a provável excepção do debate com Jerónimo de Sousa, um homem gentil e pouco preparado, Sócrates levou tareias atrás de tareias. Mas, com Passos Coelho, a coisa foi penosa de ver: como é possível confiar um voto que seja num homem sem uma única ideia realista ou consequente na cabeça? Como é possível acreditar que o grande defensor do Estado Social foi precisamente o mesmo que o amputou e faliu? E como é possível engolir a responsabilidade dos outros na crise quando os últimos dois anos foram uma crise permanente que o governo não soube estancar? Sócrates já não é assunto racional; é para consumo exclusivo de fanáticos. Dia 5 de Junho saberemos, enfim, quantos existem em Portugal.»
João Pereira Coutinho, CM
Nota: No mesmo CM, Medeiros Ferreira, inexplicavelmente tomado por um desvelo serôdio por Sócrates (porque nunca teve o menor desde a emergência absoluta da criatura no PS, em 2004) - à semelhança, aliás, de outras figuras "históricas" e venerandas como Vera Jardim (que ontem, numa televisão, metia dó a "defender" o chefe albanês que todos aspiram ver pelas costas na noite de 5 de Junho) -, aponta um dedo acusador a Passos Coelho, o perigoso "liberal impreparado", a língua de pau de Sócrates que, pelos vistos, até impressionou as formas de vida inteligente e diferente do PS. A asserção de Pereira Coutinho é, pois, pertinente (e Passos disse ontem na cara do interessado): «como é possível engolir a responsabilidade dos outros na crise quando os últimos dois anos foram uma crise permanente que o governo não soube estancar? Sócrates já não é assunto racional; é para consumo exclusivo de fanáticos.» Seria penoso ver Medeiros Ferreira e outros como os últimos deles.
6 comentários:
A quem não viu, aconselho a visualização da gravação do debate de ontem no programa Expresso da Meia-Noite, em que Santos Silva e o Secretário de Estado foram dizimados e se reduziram a um ridículo tão grande que a coisa chegou a um ponto em que o Santos Silva, já muito aflito, disse a Ricardo Costa quando sugeriu uma mudança de tema: "sim, sim, os senhores é que mandam". Livra! Tirem-nos daqui o mais rápido possível! Nunca um debate televisivo desta época miserável exibiu tão bem o nível ridículo, incompetente, arrogante a que chegou a cúpula PS. Tdo aquele desinteresse e entornar do caldo para uma discussão de ambiente de café leva-me a perguntar como é que um sujeito destes pode ser Ministro da Defesa. Em algumas passagens é uma obra prima de levar às lágrimas, principalmente em algumas tiradas em que Carlos Moedas, sem perder o nível, os submete a um vexame de fazer dó. Foi de tal ordem que em algumas passagens os elementos do PSD só não se escangalharam a rir porque estavam na televisão. Fiquei com a sensação que o José Sócrates hipnotizou estes gajos todos.
Nem o venerando dr. Jardim nem Medeiros Ferreira são fanáticos de Sócrates. Mas, de um modo ou de outro, não querem o PS e a esquerda fora do aparelho de estado. Simples.
EMPLASTRO LEÃO
A sua bonomia com esse emplastro açoriano M. Ferreira é comovente...
Como se não fizesse parte da corja pensadora assalariada que engole o pior do rato para se manter à mesa do budget e botar umas ideias avulsas por aí.
Santas almas que tais capatazes do regime toleram.
Inacreditável. Quem não tenha visto ontem o debate, em que Sócrates é absolutamente esmagado por Passos Coelho, e venha a conhecer o assunto pelos jornais fica muito bem "informado".
Público, Correio da Manhã, Jornal de Notícias, Diário de Notícias, Jornal i, Expresso, hesitam entre o empate e a vitória de Sócrates.
"Sócrates não vive neste mundo, mas ganhou este debate. (editor de política do Expresso, Martim Silva)"
"Não há vencedores do debate (Henrique Monteiro)"
Como será isto possível?
Continuamos, como na 1ª República disse Guerra Junqueiro, a viver numa "enxerga podre cheia de percevejos". E entretanto os percevejos aprenderam a escrever nos jornais.
Creio que, antes de se filiarem no PS, todos juraram respeitar a máxima: primeiro nós (PS)e depois o resto. E assim, com maior ou menor assombro, lá vão defendendo tácita ou expressamente o mais incompetente primeiro-ministro da democracia portuguesa. Não valem um chavo.
Cumprimentos,
AS
Qualquer pessoa não deficiente mental que tenha visto o frente-a-frente Sócrates/Passos viu que o primeiro foi cilindrado pelo segundo. Este, aliás, conteve-se por diversas vezes mais do que devia...
Ora, também na edição de hoje do CM, uma sujeita que se diz "escritora" - e "exerce" na Casa Fernando Pessoa, graças ao socratismo reinante... - veio declarar que o falso engenheiro ganhou "claramente" o debate...
Como é sabido, o maior cego é o que não quer ver. Só que, no caso, não me parece tratar-se de cegueira, mas de pura e simples javardice nascida do medo de vir a perder o tacho. Hipótese, de resto, longínqua, porque a Casa é da Câmara e esta é do Costa.
A propósito, não se percebe como é que o semanário "Sol" vem a publicar (e pagará, santo Deus?) uma coluna da dita "escritora", onde nenhum leitor, que se saiba, encontrou até hoje a sombra de uma ideia - coisa que ela não pode dar, porque manifestamente não gasta disso.
Enviar um comentário