10.5.11

MITTERRAND, 10 DE MAIO DE 1981



Completam-se trinta anos sobre a eleição de François Mitterrand para a chefia do Estado francês. Com De Gaulle (contra De Gaulle), Mitterrand representa uma ideia da França e da Europa que não existe mais. Qualquer semelhança entre estes dois e os "estadistas" europeus que desfilam diariamente nas televisões pelas piores razões, nem sequer chega a ser coincidência porque não existe. Os principais hebdomadários franceses dedicaram ao assunto páginas e páginas em papel e online. E há prateleiras de livros sobre o homem ao dispor de quem quiser e souber ler. Até nestas coisas somos menores e rascas. Disse-o aqui várias vezes. Mitterrand foi um homem complexo e contraditório e só homens políticos assim - densos, cultos e com o sentido da História - valem a pena, venham das esquerdas ou venham das direitas. Lamento que os menores de 30 anos praticamente só conheçam, aqui e lá fora, pouco mais que lixo ambulante. As eleições legislativas portuguesas podiam, nessa matéria, ocorrer num centro de reciclagem apesar dos riscos ambientais. Mitterrand não cabe no espaço de um post português. Não se confunde.

Adenda: Le Monde, Le Nouvel Observateur, Le Figaro, Libération

8 comentários:

jaa disse...

Eu, que não simpatizo por aí além com Mitterrand (mas, com 42 anos, sei quem ele foi), concordo em absoluto, especialmente sobre a parte de só políticos assim - complexos, contraditórios, densos, cultos - valerem a pena. Mas hoje as 'falhas humanas' - que, por não serem unidimensionais, todos os grandes políticos apresentam - não resistem à hipocrisia do politicamente correcto. Já a vacuidade e a mentira reiterada parecem dar-se bem com os tempos actuais.

Anónimo disse...

Não tendo um lugar no meu coração,que vivi em França parte do período Mitterand,de facto falava e ncantava!Só quem conhece o verdadeiro francês de Antologia,dos grandes escritores, o compreende.

Anónimo disse...

Queria, entretanto, chamar a atenção para o facto de Miterrand, como socialista que era, ter a mania das obras faraónicas. Lá, como cá. A diferença é que eles tinham dinheiro. Nós não temos. A vaidade, porém, era a mesma.

Anónimo disse...

Atenção que,é tradição em França,os Presidentes de qualquer quadrante,deixarem obras Faraónicas.
A diferença é que,tirando as pirâmides do Louvre (que é só uma delas),têm utilidade e,por lá há (ou havia) dinheiro.

Fernando Antolin disse...

Estava em Paris por essa altura, em inter-rail, ainda devo ter guardado um exemplar do Liberation, parfumé à la rose...tempos giros...

Anónimo disse...

Ainda não vi nenhum movimento na Direita portuguesa a preconizar a saída de Portugal na Europa.

A Direita portuguesa abdicaou dos valores e da honra nacionais.

Só dão palmadinhas aos estrangeiros.

É a «direita» que temos.

Para que é que Portugal «está» na Europa?

Expliquem como eu fosse muito louro e burro...

Lura do Grilo disse...

Apostava bem. Até uma Missa -ele laico e socialista- pediu para ser rezada em sua memória.

Unknown disse...

Por aqui prescinde-se da densidade política, da mundividência e da cultura. Prefere-se a boçalidade, a superficialidade e o futebol... por isso, estamos cada vez mais pobres e irrelevantes!