Agora que está na moda dar prémios a toda a gente à conta das comadrices (suspeito mesmo que há prémios que só existem para "transformar" os premiados em escritores), um prémio de "vida literária" entregue a Maria Helena da Rocha Pereira corre o risco de passar tão despercebido como ela tem passado.
9 comentários:
Despercebido? Só se for entre os provincianos de Lisboa. Estas premiações pouco significam para quem publica edições críticas na Teubner, mas deviam servir, isso sim, para pensar nas causas do mais-que-deplorável estado do ensino em Portugal. Uma delas é com certeza a exclusão das línguas clássicas dos planos curriculares das escolas secundárias. Chegámos a este absurdo de termos, como nunca tivemos, um grupo relativamente grande de classicistas, que trabalha e publica em qualidade e quantidade, e simultaneamente impedirmos os mais novos de beneficiarem desse saber. É também isto a mentalidade socretina, a ignorante doutorice alçada a retrógrada modernice.
Maria Helena Rocha Pereira foi, honro-me disso, minha professora de Antiguidade Clássica, em Coimbra.
Ainda ontem me chegou à mão «The Greeks» de H. D. F. Kitto, que ela nos aconselhava, por ser súmula conseguida de estudos das letras e civilização gregas.
Aluno meu Carlos Humberto, hoje professor, e tradutor de Séneca, nos disse a boca calada, haver em Maria Helena da Rocha Pereira falhas algumas agora provadas por estudos recentes das pedras e inscrições helénicas, assunto no qual ele (Carlos Humberto) se especializou na Gran Bretanha, a ponto de não ter entre nós quem para o examinar conhecimentos haja. Mas adiante. QUE TODOS FALHAMOS.
qUANTO A PRÉMIOS...
Dou um exemplo de um «nosso» , mas «camarada», que na orelha de uma sua antologia poética de 93 ostentava nota oficiosa de catorze (ou quatorze) -- pasme-se -- chorudos prémios literários. Para aclarar o obscuro caso -- e quem é o banido Ochôa que alguém tema? (Quem não deve não teme.) -- direi que a dita antologia se chamava, e chama, «O Fantasma da Ópera» ou «da Obra», que memória me não falhe.
Deus de nós se compadeça ante tais e tantas vilezas compadrios e mesclas coniventes!
Recordarei só um amigo também meu professor -- já ido -- que muito próximo foi da Maria Helena Rocha Pereira: Victor Matos e Sá, perda nossa, trágica perda nossa, puríssima perda.
o lixo anda nas bocas do mundo
ninguém fala das pessoas sérias e honestas como a Prof. MHRP.
por mim não aceitava o prémio
não por se falar tanto da Grécia
quem e que vai hoje ao jantar que o Cavaco oferece?tu vais ou poupas a tua parte?
Meu caro... não costumo jantar, como uma sopa em casa normalmente.
sempre se poupa do teu lado mas o regime estraga por outro...pagas na mesma ...
Gostaria de recomendar vivamente a leitura da parte do II Volume dos "Estudos..." dedicada às ideias morais e políticas dos Romanos.
Para quem queira ser lembrado da nobreza da política.
Leu os dois volumes?
Li «n» livros dessa professora sapientíssima, nomeadamente Helade. Infelizmente o que não passa na comunicação social light não se vê.
Maria Helena do Rocha Pereira a primeira catedrática portuguesa (Carolina Michaelis de Vasconcelos foi apenas convidada, apesar de muito sabedora, mas não fez exames para chegar à cátedra)deixa uma obra fantástica.
Obrigada Maria Helena.
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