5.3.10

OS VERDADEIROS SINAIS DE FOGO NO "PÚBLICO" NO DIA DOS SEUS 20 ANOS


1.«A argumentação da ERC, do Governo e da Direcção de Informação (DI) da RTP só serviu para acabar com As Escolhas de Marcelo - e mais nenhum programa. Por exemplo, Mário Soares tem sido o único político com sucessivos programas documentais e de entrevistas na estação pública sem que a ninguém ocorresse exigir, com igual "legitimidade", ou o seu fim, ou espaços semelhantes para políticos de relevo doutras "áreas político-partidárias". Às pressões governamentais para o fim d"As Escolhas de Marcelo juntou-se a visão puramente partidária que os cinco partidos parlamentares, e com eles a ERC, têm da opinião e da informação em geral e na RTP em particular. Nenhum dos partidos, nem mesmo aquele de que Rebelo de Sousa foi presidente (PSD), teve neste processo a grandeza de reconhecer nele o special one do comentário, com uma qualidade superior às dos restantes praticantes no espaço público, e que interessa a uma larga audiência, independentemente da "área político-partidária" a que ele pertence. A RTP, servil, escolheu ficar mais pobre, empobreceu as escolhas do espectador. Foi uma vitória, mais uma, da estratégia socretista de condicionamento da opinião independente, e uma derrota da pluralidade de expressão
2. «Não havia plano do Governo para controlar media". A insistente repetição do lugar-comum serve para nos convencer de que, para ter havido um plano, seria preciso encontrar-se agora uma folha Excel ou um PowerPoint num portátil de Sócrates com um calendário de ataque aos media. Mas não é preciso. Há um milhão de maneiras de se fazer as coisas, não é preciso escrevê-las, nem mesmo falar delas ao telefone. E os planos, quaisquer que sejam, incluindo os legítimos e democráticos, estão sujeitos às contingências da política. O plano era ir fazendo. E o plano continua a somar êxitos.»

Eduardo Cintra Torres, Público


3. «
A cadeira de procurador-geral parece ser um lugar maldito, que consome quem nela se senta, até porque quanto mais controversos são os casos, mais impossível é (passe o pleonasmo) substituir quem a ocupa. Pinto Monteiro parecia reunir todas as condições para ser um bom procurador-geral, mas está a contribuir para uma ainda maior desconfiança dos cidadãos no sistema de Justiça e de investigação criminal. Não vejo, pois, hipótese de restabelecer um mínimo de confiança sem assumir que todos os documentos relativos a este processo, por mais controversos que sejam, são rapidamente colocados à disposição do Parlamento e da opinião pública. Uma controvérsia baseada em documentos é melhor do que uma gritaria alimentada por suposições
»

José Manuel Fernandes, idem

4. «
Neste tipo de grupos, no tal groupthink, desenvolve-se uma "moral" do tipo: quem não está connosco, está contra nós. O grupo passa a funcionar deficientemente porque não analisa alternativas, porque perde todo o pensamento crítico. São grupos em que o chefe desde o início e em qualquer decisão manifesta a sua opinião sobre uma solução, inviabilizando, nestes casos, qualquer outra alternativa. São grupos coesos em que fazer parte do grupo é visto como de grande importância, cuja principal meta é preservar a coesão do grupo. Coesão essa, aliás, constantemente, relembrada pelo chefe. Para manter essa coesão é necessário imaginar que todos os outros são o "inimigo". Portanto, os membros do grupo percepcionam o mundo como pertencendo a um grupo moralmente superior, sitiado e acossado de inimigos: não há pessoas que pensam de outra forma, não há adversários, mas apenas inimigos. A partir desta forma de liderança de grupo desenvolvem-se, não só uma moral, mas também uma "racionalidade" mesmo para decisões obviamente perniciosas quando percebidas pelos elementos exteriores ao grupo. Mas o grupo tem justificações para tudo, porque a sua racionalidade é a sua moral. A unanimidade é ilusória, apenas a pressão do grupo evita que as divergências se manifestem. A auto-censura predomina. Lentamente, o grupo fica circunscrito a pessoas eficientes a aplicar as decisões do grupo (que verdadeiramente são do chefe), mas incapazes de ter pensamento crítico.»

Luís Campos e Cunha, idem

5.
«Ninguém ou quase ninguém está isento de responsabilidades na situação a que chegámos: Governo, autarquias, empresas e cidadãos. Mas, se é necessário o esforço de todos, é evidentemente para as elites políticas e económicas que olhamos com mais insistência. Delas não depende tudo, mas, sem elas, não haverá orientação do esforço nem desenho do rumo a seguir. Ora, francamente, não parecem hoje estar à altura das necessidades e da urgência. Delas se exige uma excepcional capacidade de entendimento e de sacrifício das suas pequenas vaidades. É bom que saibam que há já quem duvide que seja possível resolver os nossos problemas com democracia. Se, além de ficarmos mais pobres, perdemos liberdades, então o drama será completo.»

António Barreto, idem

6. «É uma tristeza assistir a este espectáculo de pobreza de um partido, que foi o partido de Sá Carneiro. E, vá lá, de Cavaco.»

Vasco Pulido Valente, idem

5 comentários:

radical livre disse...

vai fazer 36 anos que venho a dizer o que escreve Barreto.
não há democracia no socialismo qualquer que ele seja. em portugal continua porque o povo é propositadamente mantido inculto
e atrasado.

mirandela é apenas a ponta do iceberg de violência que todos conhecemos.

depois de roubado fui agredido na rua pelo meu ex-advogado e irmão da loja "liberdade e justiça"

Anónimo disse...

Por outras palavras, não falta nada para «isto» ir pró galheiro. Uma questão de tempo.

Anónimo disse...

concordo plenamente JG

A. Pinto de Sá disse...

Vasco Pulido Valente é que sabe: desde que previu a vitória de Mário Soares nas últimas eleições presidenciais, tem acertado em tudo.

fado alexandrino. disse...

Se me permite, acho de justiça juntar esta bela crónica aos apontamentos que seleccionou.