«Com este Estado, talvez o Dr. Salazar não tivesse precisado de PIDE e de censura. Há trinta anos que andamos a fingir que pode haver direito e pluralismo onde quem fala corre o risco de ser castigado e onde para fazer negócios é preciso pôr dinheiro em envelopes. A democracia portuguesa vive com uma víbora sobre o peito. Só não nos morde se estivermos muito quietinhos e formos bem comportados. É assim que queremos viver, quietinhos e bem comportados?»
10 comentários:
Uma boa pergunta... Mas é uma questão de mentalidade que ao longos destes anos me parece só se agravou.
A origem disto tudo é o Estado, sempre presente, sempre "potente".
Para haver liberdade, é preciso responsabilidade. Ninguém pode ser responsável em situação de menoridade mental, nomeadamente perante o Estado.
PC
Excelente síntese. Mais dissera e mais acertara. Parabéns a Rui Ramos.
Maria
Claro. E com muito respeitinho.
O que aconteceu com Mário Mendes não é surpresa nenhuma para quem ande todos os dias em Lisboa.
A cidade é constantemente atravessada por carros oficiais a alta velocidade, que não respeitam os sinais de trânsito, pondo em risco vidas próprias e alheias.
Os carros do PM, então, devem ser conduzidos por pilotos de Formula 1… No entanto, ele chega sempre atrasado a todo o lado, o que só pode compreender-se porque demora muito tempo a olhar-se ao espelho, a arranjar as sobrancelhas e a compor a indumentária Armani antes de sair.
E não há quem ponha ordem nesta bagunça.
As declarações de Jorge Lacão e do PM sobre quem deve governar remetem não só para um desrespeito pela AR e pela votação em maioria (só por si já é um sinal alarmante), como para a conclusão de que na última legislatura a bancada socialista, e o parlamento por arrastamento, estavam completamente domesticados pelo chefe do governo. Convém não perder de vista o que estas pessoas pensam do actual regime nem os projectos que para ele possam ter.
mas foi diferente alguma vez com os senhores que rui ramos e joão gonçalves defendem? conheço quem tenha sido perseguido e emprateleirado pela corja de santana até se ver forçado a despedir. directores de jornais que limparam tudo que lhes cheirasse a esquerda como esse ribeiro ferreira sempre tão citado por cá. O que me parece é que alguns dos perseguidos de agora só provam do seu próprio veneno e calha terem boa imprensa. quem sempre fez a vida à margem do pântano do bloco central (PSD, CDS e PS) nunca deixou de ser perseguido e mandado calar.
a análise de antónio barreto:
http://www.ionline.pt/conteudo/35227-portugal-esta--beira-da-irrelevancia-talvez-do-desaparecimento
Parece que sim...
Muitos anos a fingir
ao direito e pluralismo,
o regime está a atingir
um infeliz miserabilismo.
Neste Estado omnipresente,
próprio de uma ditadura,
a decadência é reluzente
com tão viscosa gordura.
A ditadura mais funesta e imoral é a que é exercida por via democrática.A chancela democrática desresponsabiliza os ditadores e lança as culpas para cima dos eleitores.
Aqui há uns meses, numa repartição pública aconteceu esta cena que espelha o estado em que estamos.
Um homem (H) queria fazer uma actualização de informação obrigatória por lei.
A funcionária (F) em frente do computador imprimiu um formulário e disse-lhe secamente - Tem que preencher isto primeiro.
H - Mas eu já não percebo nada. O meu neto esteve cá no outro dia. Disseram-lhe que eram necessários estes papeis que ele entregou e eu trago aqui outra vez mas não falaram nesta "ficha". Ó minha senhora eu nem a 4ª classe fiz como é que vou fazer esta "ficha". F - Leva para casa que o seu neto preenche.
Prontifiquei-me a ajudar e o homem aceitou. Estivemos a preencher o formulário e notámos que eram necessárias muitas informações que já estão nas bases de dados. Até estranhei que estivessem a exigir o preenchimento daquele formulário. O homem voltou a ser atendido pela mesma funcionária que comentava em voz alta e grosseiramente - Isto está muito incompleto, tem que voltar cá amanhã com isto bem preenchido. Nós estamos quase a fechar e ainda há mais gente para atender (eram 16:45).
Como só eu estava por atender disse que não me importava de esperar mais um pouco.
Afinal o que a funcionária tinha que fazer era confirmar um número de identidade, uma morada e mais um número de código, pois toda a restante informação já estava 'no computador'.
Quando saí da repartição encontrei na rua o homem que voltou a agradecer-me a ajuda e acrescentou:
-Sabe, disseram ao meu neto que se eu não soubesse como tratar destes papeis havia uma pessoa que podia resolver tudo por 50 euros. Já viu, para resolver qualquer coisa temos que pagar mais por fora e ainda por cima são malcriados. E se reclamamos fica tudo mais difícil.
Nada de novo saber que em Portugal existe corrupção. O que me admira é que estes esquemas estejam a tornar-se demasiado frequentes na nossa sociedade e nós não temos meios para nos defendermos sem pormos em risco a nossa integridade.
MMR
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