«Um mês bastou para se perceber o inevitável destino deste segundo governo “socialista”. Sócrates conseguiu irritar e hostilizar a oposição inteira durante quatro anos. A imagem de inflexibilidade e “determinação”, que ao princípio o serviu (de resto, por pouco tempo), acabou naturalmente por se transformar na imagem de suficiência e autoritarismo que hoje convida toda a gente a uma desforra exemplar. Ninguém acredita que o primeiro- ministro se transformou do dia para a noite no homem da conciliação, principalmente quando ele insistiu (e continua a insistir) que ganhou as legislativas de Setembro (que, de facto, perdeu) e ameaça cumprir o programa do PS como se estivesse em maioria absoluta. O carácter sobrevive à peripécia e o país vê nele o que ele até agora sempre quis que se visse – e que foi com firmeza rejeitado por milhões de portugueses. Pior ainda: Sócrates conseguiu juntar à animosidade política da esquerda e da direita, em princípio lógica e normal, uma execração pessoal sem precedentes. Por táctica ou vaidade, entrou numa guerra inútil e azeda com a televisão e a imprensa, que não lhe trouxe qualquer vantagem e o fez pagar pelo que devia e pelo que não devia. A obtusa (e frívola) tentativa de “gerir” a informação produziu exactamente o efeito contrário: o reino do boato, da “fuga” e da suspeita. Não admira que, com razão ou sem ela, o envolvessem em “escândalo” sobre “escândalo”: a licenciatura, o Freeport, a casa, a Face Oculta. Sócrates supõe que é vítima de uma ignóbil tentativa de “assassinato político”, mas não compreende que ele próprio a provocou. Governar pela propaganda e para a propaganda acaba, tarde ou cedo, mal. Em minoria, Sócrates não pode materialmente persistir na política que o levou ao desastre. Já recuou em matérias que há seis meses considerava intocáveis: na agricultura, na saúde, na avaliação dos professores. Fingiu que era por bom senso e vontade dele. Era por fraqueza. E, como não enganou a oposição, irá rapidamente passar da fuga à debandada ou à paralisia. Do Bloco ao CDS, o Parlamento não o estima, nem respeita e tem um objectivo principal: que ele saia de cena, mesmo a favor de outro PS. Verdade que discutir Armando Vara enquanto a bancarrota se aproxima raia a loucura. Só que no estado a que as coisas chegaram, nada se resolverá com Sócrates. A realidade é esta.»
Vasco Pulido Valente, Público
*Esta é apenas uma. Porém, um blogger faz sempre as suas, aos domingos, e encima-as com "um livro". Escolheu, desta vez, a História de Portugal coordenada por Rui Ramos. Não para a ler. Mas para a pesar. É o que há de "massa crítica" espalhada por aí.
Vasco Pulido Valente, Público
*Esta é apenas uma. Porém, um blogger faz sempre as suas, aos domingos, e encima-as com "um livro". Escolheu, desta vez, a História de Portugal coordenada por Rui Ramos. Não para a ler. Mas para a pesar. É o que há de "massa crítica" espalhada por aí.
12 comentários:
de face oculta só conheço a burca
o hara-kiri do pm
é o do zé povinho
ambição, cupidez, preversidade
estão ligadas a mecanismos
mentais e politicos de arrepiar
nova edição do fantas-rato
com todos os ratos em cena
"no estado a que as coisas chegaram, nada se resolverá com Sócrates".
Parece-me a primeira vez que vejo uma curta frase tão sábia, a propósito do execrável palhaço que gramamos vai para 5 longos anos!...
PC
A imbecilidade socretina não poderia rever-se em melhor espelho do que nesse pesador de livros.
Que miséria!
Começo a achar que foi bom que José Sócrates tenha ficado em S. Bento. O homem ainda acaba por ser defenestrado...
Vasco Pulido Valente volta a presentear-nos com uma excelente crónica (uma constante desde que saiu da TVI). Desta vez, se bem o interpreto, vem convidar o próprio PS, no seu seio, a encontrar uma alternativa a Sócrates.
Há uns dias, algures no espaço etéreo da blogoesfera, eu próprio tinha feito essa sugestão, recusando-me a acreditar que no PS já não haja um número significativo de pessoas de bem.
Como VPV sugere, é imperioso substituir José Sócrates.
(*) - Imbecil, to say the least, é o comentário(?) de Eduardo Pitta à "História de Portugal" coordenada por Rui Ramos, livro que comecei hoje a ler com sofreguidão.
ainda bem que li o Eduardo Pitta, pois assim sei que ele até comentou o livro. claro que para desconversar vale a pena fixar-se num dos pontos (e relevantes) da crítica e dar a impressão que não disse mais nada. a isso chama-se falta de honestidade intelectual.
Faltou apenas a VPV sublinhar e nomear quem, na imprensa, faz de canídeo ao serviço de Sócrates.
Falta explicar, e ele, VPV, poderia fazê-lo com propriedade e não eu, uma "anónima meramente".
QUEL ALGUÉM DIGA ALTO E BOM SOM QUE HÁ JORNAIS E RÁDIOS PRIVADOS(dos públicos não vale a pena falar) QUE SÓ TÊM NOTÍCIAS DE CABOS DA GNR QUE MATAM MULHERES E COISAS QUE O VALHAM PARA CRIAR ESPAÇO PARA AS PEÇAS DE ACONCHEGO AO PRIMEIRO MINISTRO.
Que outro objectivo não têm que não seja ser o martelo com que se bate em quem não gosta do pm ou o acolchoado para as suas noites invernosas.
Diário de Notícias, Jornal de Notícias, Diário Económico, TSF(esta ainda com um bocadinho de vergonha na cara) e ainda outros menos metálicos não têm outro fim que não seja alimentar e defender Sócrates. Alias, alguém reparou no papel da senhora Clara Ferreira Alves naquela coisa do Eixo do Mal??
Muitos pontos acima do Marcelino ou congéneres do JN e do DE!
Que piolheira este país está!!
Ora, como Sócrates não faz isto tudo sozinho, quem XXL está do lado de fora a maquinar?
Rita
"no estado a que as coisas chegaram, nada se resolverá com Sócrates".
Não sei, o que sei é que o povinho vota nele e um voto do povinho vale o mesmo que o voto do VPV.
É a vida.
Aliás quer VPV quer MC já anunciaram o fim de Portugal e do Mundo por dez mil vezes.
Alexandrino.. Vc. então prefere papagaios que lhe prometem amanhãs qua cantam mesmo que não haja ninguém para cantar. Bom proveito.
Falta ao PR fazer uma comunicação ao País a dizer que deixou de confiar neste primeiro-ministro e que o PS escolha outro candidato ao lugar. Motivos tem que sobra para tomar essa decisão. É preciso que o PS reconheça essa inevitabilidade. E quanto mais depressa melhor.
O PS não substitui o capo porque não pode. Ele tem-nos na mão. Não me perguntem porquê. Perversões.
Vc. então prefere papagaios que lhe prometem amanhãs qua cantam
Não prefiro nem deixo de preferir, limitei-me a constatar dois factos.
São mentira?
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