10.9.09

NÃO ARRANJAR CHATICES

«Este espírito do 'não querer arranjar chatices' além de legitimar o condicionamento de decisões para agradar a quem governa, tem a perversa consequência de transformar aqueles que não se conformam com este malsão estado de coisas em seres amalucados, pois só uma criatura doida e quezilenta é que anda para aí 'à procura de chatices' quando podia levar a vida em bom sossego. Nas ditaduras a coisa é simples: o censor não deixa e já está. Ele fica com o ónus da questão. Nas democracias, as decisões censórias são necessariamente mais subtis. Fazer de conta que não aconteceu nada é uma das estratégias (...) A censura é, em Portugal, o que mais parecido existe com o amigo preto dos racistas brancos: ninguém é a favor da censura, não há ninguém que não diga que "a censura é uma coisa inaceitável" e que declare a sua profunda admiração pelo jornalismo de investigação, mas, feita esta declaração inicial, tal como os racistas ressalvam que até têm um amigo que é preto, aqueles que se dizem contra a censura desatam na legitimação daquilo que supostamente condenam: suspensão de um programa, desaparecimento de um livro do mercado ou tentativa de controlo de um jornal. Tudo claro, sempre em nome do bom gosto, da decência e da verdade.»

Helena Matos, Público

6 comentários:

Manuel Brás disse...

A mais pura decência
parece agora despontar,
é tanta a displicência
agudizando o bem-estar.

O argumento censório
de verborreia desonesta,
transforma o acessório
numa realidade funesta.

A nova ordem criminal
da ideologia socialista,
é filosoficamente venal
e de móbil miserabilista.

A Venezuela europeia,
à beira-mar plantada,
é lauta nesta melopeia
totalmente disparatada.

Mani Pulite disse...

Basta acrescentar que o texto da Helena Matos é muito mais extenso e foi escrito a propósito do boicote à edição do livro do António Balbino Caldeira relativo ao percurso académico de Sócrates.

Eduardo Freitas disse...

Até que enfim! Chapeau para a Helena Matos!

Anónimo disse...

Esta coisa da proibição do livro terá alguma coisa a ver com a demora (ou recusa) do envio de informações dos serviços britânicos, no caso Freeport, arrumando, assim, os dois assuntos num toma lá dá cá?

JB disse...

Um dos melhores textos de Helena Matos.

radical livre disse...

Alberto Schweitzer, "importador de penicos no Gabão", declarou na África do sul pertencer à raça humana.
eu também. fui amigo de negros quando não estavam na moda.
os meus valores não se depositam no banco, nem andam ao sabor do "socialisticamente correcto"

"me cago en los politicos" de esquerda festiva