26.9.09

ATRASADA E DESLUMBRADA


Alguma da nossa selecta estupidigentsia declarou, com a solenidade retórica dos grandes momentos, que ia passar o dia de reflexão imposto pelo PREC, o original de 75, a ler um calhamaço de cerca de mil páginas. Pois. Sucede que o calhamaço já tinha saído, em 2004, em Espanha - por exemplo, já aqui ao lado - até que alguém decidiu que a coisa era mesmo boa. Vai daí tentou criar-se uma "expectativa à la Harry Potter" em torno da versão portuguesa. Até deu direito a um blogue. Praticamente todos os "críticos" de serviço nos jornais já derramaram sobre o livro antes mesmo de ele estar nas livrarias. Com o devido respeito pelo autor precocemente desaparecido, antes de se ler o tal livro existem prateleiras deles que convinha ler antes de chegar a este e que a vasta maioria dos ditos "críticos" jamais lerá. Anda sempre atrasada e deslumbrada, esta nossa paroquial estupidigentsia.

Adenda: Isto não era para ti, pá, como diria o outro. Tu já leste o livro. E eu estarei "ressentido" com o quê? Não aspiro nem a romancista nem a "crítico" literário. Sou apenas um simples leitor que procura perceber alguma literatura. Aquela que me interessa nem que seja só eu a lê-la. Em silêncio.

7 comentários:

Garganta Funda... disse...

A nossa putativa «intelectualidade» é o grupo mais reaccionário que existe na sociedade portuguesa.

Cábulas.Dóceis.Amestrados pelos diversos poderes.Mangas de alpaca.Académicos da treta.Subsiodependentes.Rascas.

Em Portugal o deserto cultural é mais explícito que o do Sahara.

Não há manifestações culturais nem muita criatividade.

Só «happenings» com copo e croquete na mão.

E agora, na época esplenderosa da "esquerda moderna", esses expoentes da nacional- estupidentzia florescem como cogumelos...

Alguns até destacam-se da paisagem como uma "fina flôr" no meio do entulho....

Anónimo disse...

O mais aberrante é a descarada promiscuidade entre a crítica e os grupos editoriais (falar em editoras hoje é quase obsoleto), que leva a primeira a embarcar em autênticas campanhas de promoção de certos livros das segundas, agindo como verdadeiros agentes de comunicação dos interesses desses grupos. Por exemplo, alguém se lembrou de que as vendas deste 2666 e do próximo Dan Brown vão cair no mesmo saco, o da Bertelsmann? Resta saber se alguns destes "críticos" faz isto a soldo ou à comissão.

ó és tão linda! disse...

Qualquer dia descobre-se que o homem praticava o plágio descarado,cmó Tareco filho, e depois...Depois,nada.O negócio já está feito,que era o que interessava.O bichano tambem continua por aí,a passear-se pelos telhados(de vidro)de uma glória manhosa,tecida de descaramento,cumplicidades comerciais e políticas(vejam o zig-zag das suas posturas "críticas")e uma pesporrência de um ridículo atroz.Mas estava a falar do outro, que,sabe-se lá,é capaz de não ser tão mau assim.

Anónimo disse...

ler a crónica de eurico barros sobre o caso

Anónimo disse...

Eu sou destas bandas, por isso digo, já temos mais do que motivos, vamos manifestarmo-nos com tanto resultado como o de há uns anos, cá em Vizela: vamos levantar a linha do comboio!

A moreia é um predador furtivo, as presas expõem-se pelas necessidades naturais da vida, e vem a moreia e papa.

Isto não está bem: um prazer a um é onanismo, a dois é amizade e do domínio das seitas secretas, a três ou mais já é popular e ofensivo, assim é impossível viver, ó sô deus, venha cá abaixo refazer isto tudo, assim não dá.

Se querem mesmo saber a verdade, tive esta canseira ao redigir estas frases, mas o meu problema é ter aqui uma grande comissão no rabo. (E sou tímido por não me decidir a convidar alguém para ma coçar.)

Obídio

Anónimo disse...

tanta inveja

Anónimo disse...

De acordo. Este livro e "bonzinho". Mas muito pior do que o primeiro do mesmo autor. "2666" e uma moda, a qual a nossa estupidigentsia se colou com galhardia, mas aproveitem bem a oportunidade para ler os Detectives.... esse sim, talvez mereca o aparato.