Este post causou uma leve comoção em três blogues da especialidade. Dois deles, com autores meus conhecidos por motivos que transcendem o capelismo literato. E o outro, meu desconhecido mas muito apreciado pelos outros dois e, em geral, pelo bloguismo citador compulsivo. Um dos meus conhecidos sabe - porque faz o favor de ser meu amigo sem o enfado de o fingir - como estou longe de "circuitos". Não é ressentimento nenhum. É mesmo desprezo. Não pessol, evidentemente (embora a nosso atavismo instintual "leve" tudo de carreira para o "pessoal" e para o "não te sentes aí que me incomodas") mas puramente, digamos assim, cultural em abuso manifesto do termo. Se eles abusam, por que é que eu não poderei abusar? Mas adiante. Em 1978, Joaquim Manuel Magalhães escrevia que «culturalmente, este país é um charco». E acrescentava: «bem lá no fundo, o que a maioria dos portugueses deseja é que a polícia organize as suas bibliotecas e lhe recomende os livros (seja a polícia de que banda for).» Talvez por isso, «no meio deste caos e desta lixeira, no meio desta morte, só a ausência dos circuitos maioritários faz sentido. E talvez lembrar os mecanismos mortíferos entre nós instalados para curto-circuitarem a seriedade radical que se deveria exigir, contra um espaço literário onde uns se vestem de bobos para parecerem modernos, outros se transformam em mercadoria para terem presente, e outros ainda se vendem à humilhação comicieira para terem poder.» Nada nisto, meus amigos, mudou. Nem a morte. Não há, por isso, qualquer ressentimento. Como poderia haver?
5 comentários:
Vê-se mesmo que é Domingo... Já foram votar? Não estou a pressionar, estou a lembrar.
Pois, o post tinha em vista o esteta de Alcântara e que vende caldos Knorr, o tal de Luís "EME" Jorge - o nosso Dorian Gray da zona ribeirinha, mais o esteta Pitta.
Faça como o Deep Throat pediu ao Bernstein e ao Woodward que fizessem: siga o dinheiro. Ou, estando nós no país em que estamos, siga a linha dos parentescos, mais ou menos formais (quem é casado com quem, quem é irmão/ã de quem, etc), e TUDO se esclarecerá. Crítica literária em Portugal não existe a partir do momento em que os críticos promovem livros ANTES de estes estarem à venda e SÓ quando estes entram no mercado.
Vai vender como pãezinhos quentes.
É pena ser chato de trazer na mão, faria um figurão no comboio de Sintra.
Antes deste ainda tenho que arranjar dinheiro para "As Benovolentes" e antes deste dinheiro para ir ver um jogo do SLB.
2666, edição portuguesa da Quetzal: 28,95 euros.
2666, edição em língua inglesa da Picador, 15,00 euros (já em livraria em Portugal)
2666, edição espanhola da Anagrama : 20,19 euros (já em livraria em Portugal)
Enviar um comentário