16.1.09

ELITES NACIONAIS OU OS ÉMULOS DA RATAZANA


«Escrevia Fernando Pessoa, há quase cem anos atrás: «A nossa civilização corre o risco de ficar submersa como a Grécia (Atenas) sob a extensão da democracia, de cair inteiramente nas mãos dos escravos, ou então de ficar como Roma, não nas mãos de imperadores filhos do acaso e da decadência, mas de grupos financeiros sem pátria, sem lar na inteligência, sem escrúpulos intelectuais e sem causa em Deus.» Pois bem, quase um século transposto, fosse hoje vivo, Pessoa podia tranquilizar-se: a nossa civilização já não corre tais riscos. Já ultrapassou essa fase perigosa. Já se "romanizou" até à ponta dos cabelos. Já caiu por completo nas tais garras... Que de mãos têm quase nada, mas de tentáculos providos de ventosas têm quase tudo. Na altura, como antídoto para o ameaçador processo, Pessoa estipulava «uma lenta aristocratização» que «pela arte, supremamente, podia ser feita». Hoje, porém, há suficientes provas de que foi precisamente o contrário disso que aconteceu: em vez da tal "lenta aristocratização", foi uma rápida cacocratização o que alastrou e floriu. Não foram os melhores, mas os piores quem vicejou. Inaugurou-se a era do "quanto pior, melhor". Num perverso sentido, acaba por ser uma aristocracia às avessas, de patas para o ar - uma "aristocracia dos pérfidos", dos destituídos de qualquer escrúpulo, ética ou valor - para além daquele com que recheiam os bolsos offshore. Daqueles a quem nada custa vencer a qualquer custo. Dos descendentes ufanos do macaco que doravante emulam a ratazana. A bem do sucesso fácil, do êxito rápido, do triunfo obscuro, o mais ignóbil e rasteiro possível. A mal deste desgraçado planeta que, em regime de praga, infestam. E se a civilização vai assim, o país, penduricalhado à boleia, não vai melhor. Porque se, como vaticinava ainda Pessoa, «uma nação vale o que vale o seu escol», então, hoje, Portugal não vale a ponta dum corno!...»

Dragoscópio

«Como cantava a Cilinha num fado hoje proscrito, "em torno da bandeira não há praças nem galões, mas só soldados de Portugal".»


Miguel Castelo-Branco

«Le nom de tradition ne veut pas dire la transmission de n'importe quoi. C'est la transmission du beau et du vrai. Le nom de révolution ne veut pas dire brusque changement quel qu'il soit. Il signifie quelque chose comme cela, et, de plus, autre chose: l'abaissement du supérieur par l'inférieur.»

Charles Maurras

«Os tempos actuais, assim com as portas, não estão dimensionados para pessoas altas.»


De um amigo adaptado por mim

5 comentários:

Anónimo disse...

os abutres, corvos e ratos dominam o mundo actual.
alimentam-se da carne viva dos escravos.
a falta de competência e de escrúpulos generalizaram-se na governação.
no coliseu nacional-socialista há aplausos dos contribuintes lançados às feras:
«avé césar! saudam-te os que vão morrer imbecis e de inanição».
a fábrica dos ratos agora manufactura bufos
manguitos para a corja

radical livre

Anónimo disse...

Infelizmente, está a tornar-se uma evidência: estamos a submergir sob a "extensão da democracia " sem a necessária "lenta aristocratização" e estamos "nas mãos de grupos sem pátria, sem escrúpulos intelectuais" e com causas sem Deus (desse amigo nosso, adaptado por mim). Não consigo perceber é, a longo prazo, a quem poderá interessar essa involução.

De resto, essa involução tornou-se totalmente evidente ao verificar a adopção e interiorização generalizada nas nossas juventudes, da cultura, da estética, da moral e da ética dos guetos de Nova York e L.A. Nos manuais de Filosofia substituiram-se textos dos pensadores clássicos por textos do "nosso" rapper Pac-Man...

"Quanto pior, melhor" é o lema desta "aristocracia às avessas".

O mundo de "Blade Runner" está ao virar da esquina e sem ter que acontecer o holocausto nuclear.

Anónimo disse...

já agora uma outra citação:

"When bad men combine, the good must associate; else they will fall, one by one, an unpitied sacrifice in a contemptible strugle"

Burke, Thougts on the Cause o of Present Discontents.

joshua disse...

Três citações lapidares, caro João. Andam as pseudo-elites nacionais a comer e a medrar entre o comem as ratazanas!

Deviam era enfronhar-se de Evangelho e levar uma transfusão de Decência em sessão directa de Victor Hugo, Pascal, Chesterton e Imitatio Christi! Deviam cair na real da sua mortalidade próxima, face à qual a vertigem do poder é esterco e engano. Só o Serviço é que conta para efeitos de Vida Eterna.

Mas esta gente nunca leu nada, nunca sentiu nada. Só se vestiu e revestiu de esquemas reles. Colherão o que semearam.

Anónimo disse...

Mas quando será que esta gente aprende. Ponha-se uma maçã podre em contacto com maçãs sãs.
O que é que acontece? A maçã podre fica boa? Longe disso, ficam todas podres.
Há quem possa ter dúvidas sobre o resultado de se por um qualquer labrego a conviver quotidianamente com alguem de modos finos?
Não é o labrego que assimila os modos correctos do homem educado, com maneiras, é este que a breve trecho também já é labrego.