5.4.08

KARAJAN, O GÉNIO DO EXCESSO



Comemora-se hoje o centenário do nascimento do genial - eu, quando quero e gosto, também não me privo - Herbert von Karajan. Numa entrevista longínqua perguntaram a Teresa Berganza quem é que, na opinião dela, eram os maiores músicos do século XX. Berganza escolheu a Callas, Karajan e Domingo. Sim, Karajan foi, sobretudo, um músico cujas interpretações, algumas iconoclastas, permanecem únicas. Pessoalmente não era um modelo de simpatia e a "correcção" nunca lhe perdoou o "pecado" nazi. Mesmo aqui, Karajan limitou-se a seguir a reflexão do insuspeito Valéry: a vida dura pela mediania mas vale pelo excesso. De Bach a Strauss, passando por Wagner, Bruckner, Brahms ou Beethoven (de quem dirige a "7ª" no vídeo), Karajan deixou a sua "marca" indelével de extraordinário e caprichoso artista, como, aliás, lhe competia. Na ópera italiana são incontornáveis as suas versões de Verdi, Puccini ou de Donizetti, "ao vivo" ou em estúdio. Até o derradeiro "Ballo", com as inexplicáveis Florence Quivar e Josephine Barstow, constitui um monumento prodigioso de direcção orquestral com a fiel Filarmónica de Vienna. Impôs novos "talentos", forçou intérpretes a experimentar coisas que lhes arruinaram a voz (a Ricciarelli, depois da "Turandot", desapareceu vocalmente) e arrancou de outros - a "Isabel de Valois" ou a "Aida" da Freni, em Salzburgo - o melhor. Mais um da altiva estirpe que já não se fabrica.

4 comentários:

Fernando Vasconcelos disse...

Os meus parabéns por esta sua série sobre Herbert von Karajan. Sem dúvida um dos grandes maestros do século XX. esta 7ªa de Beethoven é óptima. Já agora permito-me sugerir à lista a também sétima de Bruckner compositor de que Karajan foi um dos (senão "O" ) grande especialista.

Anónimo disse...

disse para um famoso baixo com intervalo de um mês "não cresceste desde que te vi"

Anónimo disse...

Ainda me lembro da "sua" orquestra a tocar sozinha, no concerto de homenagem após a sua morte; bem como as lágrimas de um dos pupilos, enquanto dirigia Bach...

Bajolini disse...

Apesar de o considerar como um grande maestro, sou mais da escola de Furtwangler. A propósito, recomendo http://www.independent.co.uk/opinion/commentators/norman-lebrecht-the-clappedout-legacy-of-karajan-that-impoverished-classical-music-805141.html

E já agora, http://murrosempontadefaca.blogspot.com/