«Sócrates falhou. A economia encolhe. A "consolidação financeira", uma espécie de utopia indígena, está comprometida. E o mundo, em crise, não ajuda. De resto, o reformismo acabou. O "monstro" continua alegremente como era. A saúde não se recomenda. E o ensino treme. As reuniões de quinta-feira entre o dr. Cavaco e o primeiro-ministro devem ter hoje um ar de enterro. Se alguém lesse agora ao dr. Cavaco o discurso de candidatura, ele com certeza desatava a chorar. Prometeu, jurou, gritou que "não se resignava" e só lhe resta a resignação: o pântano de Sócrates, se as coisas por milagre ficarem por aí. E tudo isto sem contar com o PSD. A demissão do dr. Menezes (verdadeira ou falsa, temporariamente verdadeira ou temporariamente falsa: com ele nunca se sabe) não é uma querela doméstica vulgar, põe em risco a própria existência do partido e, pondo em risco a existência do partido, põe em risco a existência do regime. Queira ou não queira, Cavaco precisa de garantir uma sucessão aceitável. É ele o árbitro; até porque não há outro. Infelizmente, o árbitro é também o bode expiatório. Cavaco vai sair deste sarilho com meio PSD contra ele e responsável pela tropa fandanga que apoiar ou se julgar que apoiou. Uma situação pouco invejável. Se anda de facto radiante em Belém, anda muito enganado: entre o descalabro do PS e a guerra civil do PSD, ninguém já o salva de um grande desastre.»
Vasco Pulido Valente, in Público
Vasco Pulido Valente, in Público
5 comentários:
Clarinho como água!
vasco amigo eu estou consigo.
"porrada neles" e "força na verga"
munca esquecerei o seu show na fila da fnac do colombo. saúde e fraternidade
balde-de-cal
Essa "estória" do chefe de Estado/presidente supra-partidário, sempre me convenceu exactamente do contrário. Sem sequer um processo idêntico ao "mãos limpas" italiano, julgo que algo mudará no panorama partidário português. Para pior não poderá ser. Quanto às responsabilidades do presidente, são evidentíssimas, ele tem um percurso bem conhecido. Interferiu - e de que maneira - no tempo de Santana (lembram-se das entrevistas?) e agora jura que nada tem a ver com a situação de anteontem. Talvez não, mas colocou-se numa posição complicada. É o velho, estafado e bem conhecido bonapartismo de chinela. Enfim, a república. Querem-na? Paguem-na!
Quanto ao Pulido Valente, é óptimo analista e bastante cómico. Mas alguma vez sugeriu uma alternativa que fosse? Não. Portanto, vale como distracção de café ou insere-se no gosto pelo quadrilheirismo nacional. só isso.
Boa NUNO!
Alfredo Barroso publicou, no «Sol» de anteontem, uma interessante crónica intitulada «Jardim, Cavaco e a Democracia» que pode ser lida no seu blogue - [aqui]
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