25.2.07

O SUPRA-PORTAS


A propósito da hipotética emergência de Paulo Portas, escreve Vasco Pulido Valente que "há um sentimento geral de que a direita está impotente perante Sócrates." Acrescentaria a este nome o de Cavaco Silva. A sua eleição "secou" a direita político-partidária. Marques Mendes não "descola" e enrola-se inexplicavelmente no drama lisboeta, o que lhe retira autoridade e credibilidade para falar sobre o que quer que seja. Ribeiro e Castro praticamente não conta. Até mais ver - e a direita político-partidária não pode esperar para ver -, o Presidente da República prefere, para já, ser um "terceiro Sampaio" do que o protagonista que se insinuou na campanha presidencial. Enquanto o artificialismo de Sócrates não se estatelar a seus pés, Cavaco não mexe uma palha. Sócrates quer outra maioria com os votos da direita e do centro e Cavaco, pelos vistos, acha bem. É aqui que pode entrar Portas. Como? É mais livre perante Cavaco. Portas, no galarim, incomoda Cavaco e, indirectamente, "puxa" por ele. Como Jardim a partir da Madeira. Em segundo lugar, e se - e só se - Portas se libertar da sua irritante caricatura, feita de um misto de gravitas, de "socialite light" e de feira de Carcavelos, valerá a pena prestar-lhe alguma atenção. Depois, Portas precisa de ultrapassar o tropismo paroquial que o empurra, não para fora do seu pequenino partido, mas bem para dentro dele. Seria desperdiçar a sua inegável inteligência política e, porventura, uma razoável oportunidade, aparecer para tratar de mera intendência que não interessa nada ao país. Só se impõe quem consegue crescer do partido (seja ele qual for) para a nação. Finalmente, Portas deve ser claríssimo quanto à recusa em dar uma "mãozinha" a Sócrates, a troco de umas migalhitas, se ele precisar dela em 2009. De invertebrados já estamos razoavelmente servidos, graças a Deus.

2 comentários:

Anónimo disse...

Esperemos pelo melhor ministro da defesa do regieme.
E que meio milhão de ex combatentes não se esqueçam.
De Portas e das suas circunstâncias.

António Viriato disse...

Portas tem perspicácia política, sem dúvida, mas falta-lhe carácter, sem o qual não se logra credibilidade cívica para impor ideias políticas ou elaborar programas políticos de maior alcance do que a franja de Cascais, da Granja até Espinho e do interior do país possidente.As tias bem perfumadas podem ser até companhia bastante agradável, mas politicamente, diminuem o lastro, nunca o acrescentam. Eis um dos problemas de Portas, a meu ver, claro.