Em Dezembro, quando estive em Paris, visitei túmulos. Um dos que vi pela primeira vez, do lado norte do cemitério de Montparnasse, foi o da família Aron. Aos vinte e poucos, li a as "memórias" de Raymond Aron que alguém me trouxe da Bélgica. Estávamos em 1983 e, em Outubro desse mesmo ano, Aron desaparecia. Os nossos "liberais" e os nossos "democratas" têm muito a aprender com Raymond Aron. Pertenceu a uma estirpe, praticamente extinta, com biografia. Teve a felicidade de integrar uma notável geração de intelectuais franceses com quem polemizou a vida inteira, sobretudo por causa da deriva marxista da maior parte deles, nomeadamente Sartre. Aron era um grande conhecedor do pensamento marxiano - tinha uma formação filosófica de raiz germânica - e, porventura por isso, combateu todas as suas manifestações totalitárias. "J'étais le plus résolu dans l'anticommunisme, dans le libéralisme, mais ce n'est qu'après 1945 que je me libérai une fois pour toutes des préjugés de la gauche", diz Aron a dado momento das suas "memórias". Mais de vinte anos passados sobre a primeira edição francesa, a Guerra&Paz faz-nos o serviço público de editar a tradução das Memórias de Raymond Aron. Deviam ser de leitura obrigatória para o nosso pequenino galarim político. Para ver se ele se liberta de vez dos seus cediços preconceitos de esquerda.
2 comentários:
João,
Porque é que não chama os bois pelos nomes quando diz "pequenino galarim político". Refere-se a quê e quem? Seja mais concreto ou directo e menos redondo.
Cumprimentos cordiais
Sérgio Alves
Aron também disse e escreveu asneiras, como Sartre. Este último tinha porém o privilégio de redigir melhor, mas como pensador deixava. As bacoradas de Sartre são monumentais, mas Aron deixou-se levar, ou fez crer que foi levado, por uma conhecida instituição filantrópica sediada em Langley. E, tal como Soljenitsine, ele não precisava de fazer fretes ao grande intelectual Pinochet. Coisas...
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