25.2.07

O ESPLENDOR DA RENÚNCIA -3



O deus Wotan, o "senhor dos exércitos" e pai das Valquírias - são nove, mas Brünnhilde, filha de Wotan e de Erda, não é irmã uterina das outras oito - , deixou-se envolver pelo sortilégio do "ouro do Reno" no homónimo prólogo da tetralogia, cuja posse obriga a renunciar ao amor. Tudo gira, nestas quatro óperas, em torno da ambição, do amor, da renúncia, da solidão dos poderosos, o pathos para o "crepúsculo dos deuses" - anunciado por Erda no Prólogo - com que se encerra a tetralogia. Essa atracção pelo abismo começa logo na primeira jornada, presentemente em cena no São Carlos, com Wotan a reclamar "o fim" quando percebe que ele, o deus, é o menos livre de todos os homens. Menos do que Siegmund (também seu filho noutras "núpcias") cuja morte é exigida pela sua mulher, a deusa Fricka. É um Wotan impotente e dividido entre o poder e o amor que, no final da "Valquíria", reclama a vinda de um homem "mais livre do que ele, o deus". Será Siegfried, fruto do amor incestuoso de Siegmund e Sieglinde, e título da jornada seguinte da tetralogia. Wotan - como Brünnhilde, aliás - estão entre nós, simples e miseráveis humanos, e é esse o "sentido" da encenação de Graham Vick para o São Carlos, pejada de titãs solitários e de chiquérrimas "valquírias" que podiam perfeitamente ter sido vestidas por Yves Saint Laurent.

Nota: Fotos do 3º Acto de "A Valquíria", de Richard Wagner, numa encenação de Graham Vick para o Teatro Nacional de São Carlos. Até dia 10 de Março.

2 comentários:

Anónimo disse...

Até dia 10 de Março!!!Não engane os melómanos!

Anónimo disse...

..e é com espectáculos destes, com um Director Artítico como Pinamonti que a ministra da cultura quer acabar se deixar ssair Pinamonti do Teatro!!!
Cá, só temos OPORTUNISTAS! E eles não dormem....estão sempre à espreita!!! E também não deixam adormecer a ministra nem o seu acólito - o sec!!!