3.12.05

SIGAMOS EM FRENTE

Subsiste nesta campanha tagarela a obsessão pelo passado. Toda a gente se dedica a relambórios sobre os desempenhos de alguns candidatos em cargos que exerceram. Os mais expostos a este ritual são Soares e Cavaco. Soares, por ter sido o inconfundível primeiro-ministro que "não lia dossiês" e o chefe do nefando "bloco central". Cavaco, por ter sido ele mesmo. Num caso como no outro, o analfabetismo genérico das "críticas" suplanta a necessária objectividade. Independentemente disso, importa relembrar que ambos foram julgados politicamente por esses desempenhos. Soares, no final dos anos setenta, perdeu primeiro para Eanes e, depois, para Sá Carneiro, nas eleições de 79 e 80. E em 85, depois de um "bloco central" mal julgado, perdeu para Cavaco por interposto Almeida Santos. Cavaco esteve dez anos a fio, com dois reforços maioritários pelo meio. Em 95, terminado o mandato, saiu e passou "a bola" a Fernando Nogueira que não resistiu ao charme sorridente de Guterres. Mesmo assim, achou-se na obrigação de ir a votos nas presidenciais contra Sampaio. Pelo meio e a fazer contas, está Manuel Alegre que, apesar de andar "nisto" há mais de trinta anos, quer aparecer aos olhos dos incautos como uma impoluta vestal política. Em suma, as contas de Soares e de Cavaco, em determinadas matérias, estão devidamente saldadas. Sigamos em frente.

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