Nos idos de oitenta, por causa da recandidatura de Eanes, berrou-se a plenos pulmões contra o homem por causa da "instabilidade" e foram previstos vários cataclismos no caso de ele ficar. Eanes ganhou contra e apesar desses timoratos e desses profetas. A AD chegou ao fim pelas suas próprias mãos, graças à inépcia de Balsemão e à ambição presidencial de Freitas do Amaral. Depois veio o "bloco central" que pastoreou o país até à emergência de Cavaco na Figueira. Em 1986, o mesmo Eanes, com Zenha, e Cavaco, com Freitas, andaram pelo país a pregar a "instabilidade" se Soares alcançasse Belém. Soares ganhou e a "instabilidade" desvaneceu-se nas duas maiorias absolutas de Cavaco, malgré um segundo mandato mais "picante". Em 1996, Cavaco tentou explicar ao país que Sampaio era demasiado "esquerdista", logo, um potencial factor de "instabilidade". Sampaio ganhou e, quer Guterres, quer Barroso, só não fizeram mais porque eram pura e simplesmente incompetentes. O único acesso de "instabilidade", Santana Lopes, durou uns meses e morreu por causa do próprio. Sampaio, agora de saída, mostrou, afinal, que não passava de um português suave, previsível e "estável". Para 2006, a "esquerda" quer pôr Cavaco, desta vez, no lugar da "instabilidade". Sócrates já deu provas suficientes de que não é alguém fácil de "desestabilizar" e, prudentemente, deixou a candidatura de Soares a falar sozinha contra um Cavaco pseudo-activo e "governamentalista". Não será assim até ao fim da campanha, mas não será certamente muito mais. Se for, significa que não serviram para nada os exemplos dos últimos anos. É que todos os tremendismos anunciados e todos os regabofes prometidos à conta da "instabilidade" foram sempre e amplamente derrotados nas urnas. É só consultar os arquivos.
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