30.12.05

"A FALTA DE ISENÇÃO"

Durante anos a fio, Soares andou literalmente ao colo da comunicação social e esta ao colo de Soares. A reconciliação definitiva deu-se quando Soares ascendeu a Belém e, a partir dali, teceu uma minuciosa teia de cumplicidades com a classe jornalística ou grande parte dela. Não houve nenhum "jornalista" que se prezasse que não se tivesse babado, nem que por uns míseros instantes, para cima de Soares e Soares para cima dele. Um pouco como nós, vulgares mortais, que não conseguimos "fugir" ao "encanto" soarista, nem que seja uma vez na vida. Agora Soares deu em queixar-se da dita comunicação social - que supostamente anda a dar alguém como vencedor antecipado das presidencias - e da sua "falta de independência e de isenção". Esta encenação faz parte do processo de dramatização da campanha que vai seguir-se até ao fim e que é essencial à estratégia de Soares. Tal como o é a exigência de mais debates por causa do estimável dr. Garcia Pereira. Se Soares tem "crescido" nas intenções de voto, bem pode agradecer à comunicação social, particularmente às televisões, que ainda só não o acompanharam à casa de banho. Ou seja, a velha cumplicidade continua, só que de uma forma difusa, "servida" pontualmente à medida dos interesses do candidato. É claro que Soares não dispôe agora da mesma beatitude do passado pela circunstância de a dita comunicação social tender "a seguir" a "moda" e, sobretudo, quem muito provavelmente virá a mandar. É a percepção disto que irrita Soares, e não a falsa questão de "falta de independência e de isenção". Pedro Santana Lopes foi o último a queixar-se destas mesmas "dores". Valeu a pena?

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