29.12.10

NÃO VALE A PENA


A ASAE do sr. Nunes foi criada há cinco anos. A coisa foi pensada, à semelhança de muitas outras antes desta, como algo destinado a "purificar" o indígena e a incentivar a emergência do tão constantemente renovado quanto adiado "novo homem português". Em vez do homem médio da unha grande do dedo mindinho, da mariconera, do palito depois do almoço, das baforadas no meio das refeições, apreciador de galheteiros de azeite esconso e de vinhos competentemente martelados, a ASAE prometia o paraíso, multando, encerrando e expondo ao opróbrio público a malícia e o "risco" de um pratinho mal lavado, de uma ginja tragada em copos cambados, de um avental com nódoas de gordura, a frequência de tascas de reputação duvidosa e de restaurantes assemelháveis a prostíbulos. A ASAE vinha, em suma, corrigir o prazer e obrigá-lo aos regulamentos, trivializando tudo. Aos poucos, porém, o governo percebeu que ganhava mais em não revelar continuamente as façanhas policiais da seita e permitiu que, aqui ou ali, os anti-corpos fizessem o seu caminho natural sob pena de se matar a sociedade de tanta cura. Apesar da ASAE, persistimos feios, porcos e maus. Não vale a pena.

10 comentários:

artur disse...

Tal como o pessimismo. É tanto, tanto, que cada vez tenho mais esperança.

alberico.lopes disse...

Concordo com o texto.Já não concordo mesmo nada com o mau gosto de associar um belo fumeiro às malfeitorias que descreve sobre o mau gosto e má educação de grande parte dos portugas!
Olhe que não há maior alegria do que ver uma cozinha tradicional transmontana em que o fumeiro é uma riqueza apreciável,fruto de muito trabalho das pessoas honradas que não vivem do orçamento nem dos subsídios que uma cáfila de preguiçosos conseguem obter deste estado ladrão!
Por mim,que se lixe a ASAE e mais o nunes ladrão também e que quando tiver a dita de voltar a Trás-os-Montes,mesmo em passeio,me seja servida uma boa alheira com grelos bem azedos e um bom pão centeio,tudo regado com o bom vinho daquele reino a que Torga apelidou de maravilhoso e que ainda o continua a ser para os que ali vivem e trabalham!

Anónimo disse...

ASAE é simplesmente um instrumento de
intimidação.

Como diz aqui no Insurgente:
http://oinsurgente.org/2010/12/29/fim-de-decada/

"Muita “certificação”, muita ASAE, e há anos que não como um queijo da Serra decente."

lucklucky

joshua disse...

Baforadas de lixo voltaram com toda a força e alegria: resignemo-nos.

floribundus disse...

esquecem-se de mandar limpar os caixotes do lixo onde boa parte da população urbana procura restos de comida e roupa.
as vendas ambulantes de castanhas assadas deviam ter lavatório, bidé e outros objectos sanitários.

m.a.g. disse...

Apesar de; andar com os azeites, (de oliveira mais propriamente), de ser uma defensora dos produtos artesanais e nacionais onde reine a boa matéria- prima, sempre achei que a badalhoquice imperava na confecção de muitos produtos.
A ASAE tardou em chegar na punição da chafurdice e muito ainda há a fazer. Estão rotundamente enganados os que pensam que o controlo higiénico altera as características dos produtos e da sua confecção.
Já agora, o seu (ASAE) campo de intervenção deveria ser alargado a muitos consumidores.

Anónimo disse...

A ASAE foi e é uma boa ideia, inicialmente nasceu da fusão de mais de uma dezena de instituições publicas que não serviam ou faziam nada. Hoje há muito melhor cumprimento em áreas como higiene alimentar do que havia há anos atrás.
O problema é o que acontece quase sempre nestas situações, quanto mais poder se tem, mais discricionário começam a ser, e mais agressivas se tornam, o poder deslumbra e acabam mais papistas que o papa. Foi o inevitável caminho da ASAE, embora nos últimos 2 anos tenham acalmado.
E provavelmente tornam-se também terreno fértil para corrupção.

Não estou a defender a ASAE, em nobre dia de Natal eu até comi um fantástico leitão proveniente de um assador "ilegal", mas acho que a existência da ASAE é benéfica, desde que não exagerada.

Anónimo disse...

A ASAE tal como a conhecemos é o produto da propaganda só-cretina... Isto dos funcionários públicos embarcarem na publicitação activa dos benefícios que resultam da sua existência é mais uma parolice desta era, muito exacerbada pela acção do dito cujo (o do costume) e sus muchachos...

Se isto tivesse um povo a sério, o dito cujo já estava na lixeira da Cova da Beira todo coberto de detritos em decomposição. E era bem bom.

PC

Anónimo disse...

Somando a proibição com ordem europeia dos jaquinzinhos, da petinga, da fruta não calibrada, das colheres de pau, da fava e do brinde no bolorei etc até à actuação da ASAE , muita da cultura nacional se vem perdendo

Alfredo disse...

"do palito depois do almoço"

Se acha que é exclusivo nacional está bem enganado.
Por boa parte da Europa (tão "idolatrada") esse hábito é mais frequente do que por cá. especialmente a Norte.

Não resisto.
Ao longo de décadas fui conhecendo alguns países e muita gente de outras paragens.
Quando questionados sobre Portugal e os portugueses as opiniões são diversas mas, curiosamente, têm uma única coisa em comum (que, aliás, deixa a estrangeirada desconcertada).
Esse raciocínio comum é o de todos acharem que os portugueses têm uma peculiaridade e ela é......: arrasarem o seu próprio país e os seus compatriotas.
Como me dizem, não se trata da auto-crítica (que todos fazem....bom.....excepto os franceses, lol), não. Trata-se, na opinião deles, da fúria e do prazer com que nos entretemos a dizer mal do país e dos portugueses numa escala entre o doentio e o hiperbólico.
Quem não conhecer o país e conseguir interpretar os blogues portugueses pensa que este país é o maior Inferno à face da Terra.
Enfim.....