6.3.09

OS MAIS ANTIGOS


São mais vinte e oito anos do que os do prato da foto que o PCP comemora hoje. A ilustração está no Ephemera, um blogue que «tem como objectivo divulgar materiais da biblioteca e arquivo pessoais de José Pacheco Pereira, em particular dos diferentes espólios, doações, ofertas e aquisições que deles fazem parte.» Pacheco Pereira tem dado um contributo indispensável para o conhecimento da história do PC através da monumental "biografia política" de Álvaro Cunhal. Nem tudo foi perfeito nestes oitenta e oito anos. Bem pelo contrário. Porém, o período estudado até agora por P. Pereira revela a outras gerações um mundo desconhecido de um certo "Portugal dos grandes", um mundo de um punhado de homens e de mulheres que, com razão ou sem ela, se bateu com inegável coragem física e moral contra o que entendia estar errado. Muitos ficaram pelo caminho e nunca puderam guardar um pouco de céu azul nas suas vidas. Goste-se ou não, esta gente tem, de facto, uma história porventura difícil de entender pelos "padrões" de agora. Escrevi "padrões" por acaso. Na realidade, que "padrões" há agora?

8 comentários:

Anónimo disse...

fui sempre democrata na 2º republica. os pêcês eram todos totalitários como se viu depois. fui perseguido, maltratado e espoliado depois de 25.iv.
não quero nada com a canalha à esquerda do centro. fui sempre cão sem coleira. não esqueço, nem perdoo.
PQP

radical livre

Ritinha disse...

Tem o meu apoio, Radical Livre.
Mas no meu caso não quero nada com a canalha em lugar algum, seja à esquerda, ao centro ou à direita.
Que essacanalha está muito bem distribuída.

joshua disse...

Havia no idealismo dogmatista e obedienciário do comunista português, em décadas, uma Escatologia sem céu e uma Fraternidade de Igreja sem Deus.

O fervor pseudo-cientificizante da lógica social, pelo cronos e pelo kairos, em direcção ao Comunismo era uma magnífica falácia despersonalizadora, mas fraternitária entre os simples crentes.

Temos de saber compreender a humanidade de esta gente épica com a sua Utopia decalcada da Utopia transhistórica Cristã. A Energia Moral, porém, da Igreja, porque não é uma mera questão de poder ou de política, de coerência e coesividade interior assim como transcendência do Espírito, ainda que anunciada como transitória e mediadora, resiste e progride pelo planeta na sua fermentação de tolerância e sensibilidade à alteridade. As igrejas caminham para a residualidade fermentária, que é a sua condição absoluta, depois de séculos de imersão e con-fusão nos impérios e lógicas imperiais.

Mas o comunismo é a primeira igreja a tornar-se verdadeiramente residual em toda a história das Igrejas.

Anónimo disse...

"A monumental biografia politica de Álvaro Cunhal"?!! Mas qual? aquela que Alvaro Cunhal não reconheceu como sendo a sua biografia? Ou o Líder que Pacheco Pereira gostava de ter sido e não consegui? Foi, É e Será sempre um partido para o Povo, com o Povo e pelo Povo. Pela Liberdade, Igualdade e Fraternidade. 25 de Abril Sempre!!!

Anónimo disse...

O Comunismo é um monstro, e parte de princípios colectivos que eu não consigo admirar dado que acho inefável um mundo sem identidade pessoal, sem emoções e paixões banais. Mas também é inegável que a dada altura terá feito sentido para muita gente. Para o bem e para o mal, o PCP faz parte da nossa história e -ao contrário do que fazem os comunistas- não vale a pena fazer revisionismos. Foi o que foi. É o que é.

Anónimo disse...

Pois!

Também respeito muito a luta anónima e silênciosa de muita gente simples contra aquilo que consideravam injusto.

Em nome dum paraíso sonhado, que não existiu, em nome dum mundo que julgavam melhor.

Parte do desgoverno do pós-25 de Abril resultou, por um lado, da tentativa de concretização desse sonho, por outro, do "ajustar de contas" contra quem antes os perseguiu impidosamente antes do 25 de Abril.

E não foram só os mecanismos que S criou, mas também quem, lavando as mãos das acções desses mecanismos, sabia muito bem viver á custa deles, e tiveram o pagamento.

Outras nações saídas duma guerra atroz, com montes de dificuldades souberam lidar com respectivos PC's, nesta parte do hemisfério de Yalta, desenvolveram a cultura e a economia, e sem recorrer aos métodos de S, que só fomentaram a "glorificação dos mártires do PCP" e a "superioridade moral do PCP".

Grave erro estratégico de S, e razão mais que suficiente para o deixarmos mumificado no seu cantinho da História Lusa!

Nuno Castelo-Branco disse...

Que pratinho tão lindo. Dava para o Pierre et Gilles criarem uma composiçãozinha, com aqueles cães de cima da geleira que abanam a cabeça, um relógio-sereia azul e dourado e uns naperons vermelhos com estrelas amarelas bordadas. Tudo isto num cenário de uma cela da Lubianka, com um "desviacionista pequeno burguês" ajoelhado e adorando embevecidamente a foto do ABC com os olhos em alvo. Costas flageladas, claro. Mais kitsch não há.

Anónimo disse...

Custa-me entender como é que ainda hoje se venera a ideologia e os princípios de um regime que assentou no terror e é responsável por milhões de mortos. Um regime totalitário que manipulou muito boa gente em defesa de uma pretensa igualdade cuja sobrevivência, ainda hoje, se deve à exploração das fragilidades de um regime que não foi capaz de acabar com as injustiças sociais.
Não é, pois, possível comparar o regime do Estado Novo com os regimes comunistas que vigoraram na Rússia e na Europa de
Leste.