«O que queria deixar aqui escrito é que as pessoas que me vão enchendo estas páginas numa viagem que se iniciou em Lisboa e a esta voltará, são as pessoas que me interessam e que as mostro, pois então. Que se saiba da existência de homens e mulheres que trabalham como nenhum de nós sabe ou jamais saberá. É no duro, a doer, não é como estar aqui sentada a escrever e a cair na rima, sem grand ou petit souci, como se dirá tudo isto em dutch? A vida destas pessoas não é a vida que sei de cor e que leio por aqui, por exemplo, da empáfia, desse abrir a boca de tédio e estúpida melancolia mas nunca de espanto (...). O que quero mostrar, claro, preto no branco, a cores, de todas as formas e feitios é a importância de ser vivo, mas desta forma, com orgulho, sem empáfia. E enquanto assim penso e escrevo estas notas, recordo os que vieram ter comigo a pedir fotografia de pose. E a rir os fotografei, e a rir deixaram-se ir na brincadeira para uma posteridade qualquer, sabemos lá nós qual, dank u wel. São as pessoas de Antuérpia, os estivadores e uma estivadora, ali ao centro, onde estava.»
Fátima Rolo Duarte, texto e foto. Porto de Antuérpia. 2009
Fátima Rolo Duarte, texto e foto. Porto de Antuérpia. 2009
2 comentários:
Bela fotografia.
Em Lisboa, se pedires a alguém na rua para te tirar uma foto, o mais provável será hesitares, pensando que o prestável artista decerto fugirá com a tua máquina.
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