A oposição faz bem em questionar, permanentemente e sem desfalecimentos, o governo acerca do "investimento público". Sobretudo acerca do TGV, do novo aeroporto ou das auto-estradas, essas doentias obsessões betoneiras que transferem lá bem para diante (quando, espera-se, já ninguém se lembrar do admirável líder) a factura a pagar. Sócrates, cada vez que abre a boca para se "orgulhar" delas e tentar vendê-las como o Doutor Dulcamara vendia o "elixir de amor", está a contribuir para cavar mais fundo a profunda cova do défice externo. Admira-me que alguns basbaques ainda não tivessem percebido o engodo e defendam o admirável líder - e o não menos admirável Lino - com mapinhas, traçados, localizações e o raio que os parta tentando provar o improvável. Não adianta varrer o endémico alheamento nacional com a propaganda porque, infelizmente, a realidade vai acabar por se impor. Repito: não queiram é fazer de todos nós parvos.
12 comentários:
Uma coisa que dá força a essa deriva é a íntima convicção de que o timbre feroz do sr. Sócrates é altamente apreciado por uma maioria silenciosa composta por quantos votaram pelo dr. Salazar no concurso de Maria Elisa.
Perante um movimento brusco de repente exercido pela realidade, por exemplo, uma derrota estrondosa nas Europeias, um indicador económico bombástico qualquer imprevisto, esta íntima convicção revelar-se-ia o que é.
As sondagens têm feito um papel caucionador desse lixo, sustentando-o, embora eu duvide que sejam sérias e consistentes com tanta abstenção declarada. O fio ténue por onde estes projectos se equilibram podem partir-se a qualquer instante.
A realidade é que o País caminha para a bancarrota.O spread português já é 50% superior ao espanhol e ultrapassou o italiano caminhando para uma situação tipo grega ou irlandesa.Com a diferença que a Irlanda e a Grécia estão a tomar medidas de contenção e aqui é só gastar,gastar e as finanças públicas a afundarem-se.
Não sei se no compacto anti-socratismo deste blogue (autor e comentadores) me será permitida uma ingénua e humilde pergunta: o TGV e o aeroporto são invenções do Sócrates? Por acaso nos governos PSD/CDS anteriores não se trabalhou tambem para esses investimentos? Desculpem,a pergunta deve resultar de grande confusão minha, e o dr. Gonçalves com o seu afiado lápis azul eliminará eficazmente esta absurda interrogação.Todos em coro:Abaixo o Sócrates e as suas sinistras invenções despesistas e inúteis de aeroportos e TGVs! Assim,sim!
Ao opaco anónimo escapou-lhe que estamos a falar de uma decisão e de propaganda à conta dessa decisão. De agora. Com a crise internacional e com o país depauperado. Percebeu ou precisa de um Magalhães para perceber? E eu nunca censuro disparates educados como o seu.Tem todo o direito a seguir o líder. É um bom português.
por uma maioria silenciosa composta por quantos votaram pelo dr. Salazar no concurso de Maria Elisa.
Era muito interessante saber porque é que cada um votou em Salazar no concurso da RTP. Eu, por exemplo, votei para evitar que Cunhal ganhasse. Consegui e estou muito satisfeito.
Se o opositor de Cunhal, nesse concurso, fosse o Pato Donald também votava nele.
«infelizmente, a realidade vai acabar por se impor»
"Felizmente", a realidade vai acabar por se impor.
Felizmente há crise. Embora comece a passar-me perto.
«o TGV e o aeroporto são invenções do Sócrates?»
Não meu caro.
De um gémeo, ou de uns gémeos (e génios). De Barroso e de um bando de irresponsáveis do Bloco Central: PS e PSD.
Veja lá se não quer juntar Marcelo Caetano, com o futuro aeroporto da capital no Rio Frio, ao lado de Alcochete.
JB
Fado Alexandrismo, à parte tudo o mais, preocupa-me as qualidades de que um povo compresso e desorientado pela própria anomia se sente saudoso, 'qualidades' outrora compresentes tanto no defunto dr. Cunhal como no grande morto dr. Salazar. Ambos caracteres perigosíssimos, apesar ou precisamente por causa do seu imenso ar generoso, celibatário e virginal 'por Portugal' ou pelo 'nosso povo' respectivamente.
'Nomeadamente' essa saudade praticada e transferida para o asinino dourado é uma tristeza!
O opaco anónimo agradece com vénia a publicação do seu comentário,mas tem que esclarecer que não é dado a seguir líderes,sejam quais forem,como se poderia presumir da sua manifestação de apreço pela Natália Correia,que tambem não era dada a esse vício.Mas os anónimos são anónimos,paciência. Quanto ao aeroporto,pareceu-me daqueles intermináveis debates televisivos,que a decisão vinha de há muito tempo,até de antes do 25/4,e que apenas a concretização(e localização) estaria protelada. Mas talvez esteja enganado.Quanto ao TGV já se repetiu ad nauseam a entrega das propostas de cinco linhas de ligação à Espanha no tempo do Durão,etc. Concordo que na actual situação sejam de rever todos os projectos,certamente,mas que a sua iniciativa não foi socrática,isso não. Já o Magalhães,que dispenso,é de facto iniciativa típica do Sócrates,e discordo da sua difusão em classes etárias baixas. Vou pensando pela minha cabeça e,como nunca segui nenhum lider nem em política nem seja no que for,ficamos assim esclarecidos. Continue com a música(embora não ligue aos meus conselhos sobre o Gobbi e o Christoff no D.Carlos,ou o Fischer no Bach) e poesia,que aí em geral acerta. Não se zangue!
Sei de gente que não sendo salazarista votou nesse concurso pelo Salazar apenas para fazer rabiar a Odete Santos.
Você está enganado. Só li as três primeiras linhas e garanto-lhe que sempre que se fala do erro das obras públicas nunca se dá o exemplo do aeroporto. Sei disso pq o meu coração ambientalista e rural acha criminosa a opção por Alcochete. Desde que se optou pela margem sul em detrimento da Ota que aguardo que alguém se manifeste contra Alcochete e páre aquilo. Até na crise petrolífera esperei que se contestasse a necessidade de um novo aeroporto, por ter baixado o número de voos. Nada.
Quando em crise o PSD fez a primeira contestação às obras públicas exemplificou sempre com o TGV. Nunca apanhei um comentador dessa área contestando o aeroporto. Nem um jornalista (vergonha) a perguntar por esse exemplo. Agora que se sabe que alguém ligado ao BPN terá comprado terrenos em alcochete nas vésperas da alteração da decisão a coisa ainda cheira pior.
Até hoje só ouvi uma pessoa contestar esta construção: João Soares (que curiosamente, no que toca à boataria de café, vê sempre a família ligada aos interesses construtivos na Ota)que defende a manutenção da Portela, alargando para Figo Maduro e transferindo as oficinas para a Basa Aérea de Beja.
Ferraz da Costa disse na SIC-N que isso poderia ter sido um motivo para que o PS não o tivesse indicado para a Câmara de Lisboa, na altura em que o Costa concorreu.
No concurso da Maria Elisa escolhi Salazar. Em primeiro lugar, numa atitude como de gratidão por me ter livrado da infernal corja republicana. Depois porque nunca poderia aceitar que o escolhido fosse o Cunhal, que tentou subordinar o país ao domínio dos sovietes, ou o Soares, vaidoso e peneirento que, para bom governo de vida, até meteu o socialismo na gaveta.
Pronto, Cáustico, mas os teus motivos são diversos daquela saudade passenta e submissa de milhares de nérscios nacionais: deixar a um poder superior o controleirar-nos o sal, o vigiar-nos o fumo, o pôr-nos na linha e esse agente tutelar, paternalesco ser providencial e fatalmente Sócrates.
As massas querem colo e fecham os olhos a esse crasso e abjecto serem reiteradamente enganadas e mal servidas por um Cunhal-Salazar pinóquial fora do qual é o Caos e o nono Círculo do Inferno dantesco.
Portanto, não se te aplica.
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