20.4.05

"DOUTRINADORES"

Os "comentários" à escolha de Ratzinger ainda não ultrapassaram o patamar da vulgaridade. O "pensamento correcto" manda naturalmente que não se aprecie em demasia a criatura. Julgo até, com manifesta benevolência, que "doutrinadores" como o dr. Soares, o dr. Louçã ou o Nobel Saramago, não estariam à espera que a Capela Sistina produzisse um compagnon de route, um intrépido "pacifista" ou um bonzo "conciliador". Leia-se: alguém que verdadeiramente não saísse "desta" igreja e lhes pertencesse por inteiro, um "deles". Em suma e com algum realismo, jamais poderia ser escolhido um "igual" a nós. João Paulo II, ainda há dias tão elogiado por alguns destes "conservadores da fé", tratou bem do assunto e soube perfeitamente o que queria para o day after. Reduzir Ratzinger ao papel de "grande inquisidor" ou a líder espiritual ultra-conservador é, respectivamente, uma graçola medíocre e uma leviandade intelectual. Estudem-no primeiro e depois, se quiserem, falem. Para já, congratulo-me com as palavras de José Adelino Maltez : "(...) não faço considerações teológicas, nem à maneira de Mário Soares. E sem dizer que os conservadores venceram os progressistas. Apenas noto uma velha evolução numa continuidade de dois mil anos. Participou como soldado do exército alemão nos últimos meses da Segunda Grande Guerra e, entre 1946 e 1951, estudou filosofia e teologia na universidade de Munique, mas, segundo o padre Vaz Pinto, que, com ele, privou, antes de 1974, preocupava-se "com a democracia em Portugal" e "com a autodeterminação das colónias portuguesas". Compreendemos o comentário de Francisco Louçã, um dos poucos seres que consegue aceder ao código genético da humanidade, hoje".

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