23.4.05

À VISTA

Não foi apenas na comunicação social portuguesa que foram registadas as férias de Durão Barroso a bordo de um iate amigo. Revistas e jornais europeus mencionaram o facto como negativo para a imagem do presidente da Comissão Europeia, já que o dono do iate possui "interesses" susceptíveis de colidirem com a isenção exigida ao cargo detido por José Manuel Barroso. Parece, portanto, que a "honra nacional" Barroso - lembram-se?... era assim que a pátria política o via em Junho do ano passado - não consegue reprimir a sua vaidade pequeno-burguesa e a atracção kitsch por descansos paradisíacos e milionários. Dir-se-á que é "vida privada" e "inveja". Não é bem assim. A visibilidade e a relevância da função obrigam a ponderar todos os passos, mesmo aqueles dados sob o sol e em pé descalço com a família. Sobretudo quando se é particularmente "vigiado" por causa do debate em curso na Europa no qual Barroso, o "neoliberal", anda sob fogo cerrado. Lá como cá, Barroso não consegue fugir ao seu magnífico destino de "mal amado". Se dúvidas restassem sobre as qualidades político-pessoais da criatura, Paulo Portas, na despedida, encarregou-se de as "explicitar". Na verdade, um pequeno-burguês de "espírito" será sempre um pequeno-burguês, aqui, no Brasil, em Bruxelas ou a bordo de um luxuoso iate. Com o tempo, a "Europa" entenderá no que se meteu ao escolher Barroso para chefe da sua burocracia máxima . Como diria Shakespeare, "ele é o que ele é". Está, aliás, à vista.

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