No momento em que escrevo - às primeiras horas do dia - João Paulo II parece estar entre a vida e a morte. Quando teve início este papado eu entrava na universidade. Agora, se pudesse, já me aposentava. Tantos anos não podem passar sem deixar uma marca profunda na história da igreja e em nós. Nessa altura eu era seguramente muito mais crente do que sou hoje. Muitas das "convicções" deste Papa contribuíram - para além da minha própria "vida" e do conhecimento dos "outros", particularmente dos que passam o tempo a bater com a mão no peito -, para me afastar da "igreja una, apostólica, romana" que me ensinaram a respeitar. Nada disso me impede de reconhecer em Karol Wojtyla uma dos carácteres mais poderosos do século XX. Teimoso, conservador, fiel ao "núcleo duro" da doutrina, de João Paulo prefiro reter a frase do homem proferida aquando da sua primeira visita à Argentina: "I hope against all hope". Para mim, que creio em pouca coisa, esta é uma mensagem de esperança desesperada que valeu uma missão: manter a esperança contra toda a esperança.
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