No PS existe um misterioso António Vitorino, uma glória aparentemente perdida para a sua irreprimível vocação eterna de não-candidato. Naquilo a que vagamente tentou candidatar-se, perdeu sempre. Na NATO ou na Comissão Europeia, Vitorino ficou à porta. Para o óbvio, não tem paciência: o partido ou o governo. Talvez por isso alguns camaradas mais aflitos com o desfecho belenense já só pensem nele como o melhor (não) candidato presidencial. Seria, sem dúvida, um belo prémio à inércia e ao nojo que o homem sente pela cosa nostra. O PSD também tem o seu António. Não é Calvário, mas é Borges, alguém que sibila à espera que o verdadeiro calvário por que o partido vai ter que passar, passe. Babuja a sua vaidade pelos jornais e pretende pairar sobre o partido pequeno-burguês que é o PPD/PSD como um morgado de visita à quinta. Reclama-se da "sociedade civil" e vê na actividade partidária um refúgio de párias. Quer e não quer ao mesmo tempo, e é essa a sua verdadeira e única "ideologia". A partir de certo ponto nauseante, pessoas como estes dois Antónios deixam de ser inteligentemente ambíguas, politicamente voluptuosas ou humanamente interesseiras. São simplesmente uns gnomos disfarçados de génios. Alguém faça, pois, o favor de arranjar um Alcácer Quibir para estes novos Sebastiões de paróquia. De nevoeiro já estamos razoavelmente bem servidos, muito obrigado.
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